O vazamento do The Intercept das mensagens realizadas entre o ex-juiz e atual Ministro da Justiça, Sérgio Moro, e os procuradores da Operação Lava-Jato para perseguir o Partido dos Trabalhadores, prender o ex-presidente Lula e montar um esquema de enriquecimento entre os procuradores agravou ainda mais a crise dentro do governo Bolsonaro.
Apesar da enorme crise e das comprovações que vão além da perseguição política, o desfecho a partir dos vazamentos das conversas entre o ex-juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato, pode não resultar em absolutamente nada.
O resultando que poderia ser muito positivo na luta contra os golpistas pode ser bem reduzido, porque existe uma ala dos partidos de esquerda que não querem mobilizar a população nas ruas para realizar um acordo com setores que foram articuladores do golpe de Estado, como o PSDB.
A mobilização da população, que estaria com maior disposição de lutar após o escândalo da Vaza Jato, atrapalharia o plano de setores da direita do PT, PCdoB e do PSol em realizar alianças com os golpistas do PSDB, como Fernando Henrique Cardozo, numa frente “democrática”. A população nas ruas não aceitaria essa aliança e tornaria insustentável qualquer tentativa de acordo.
Essa ala da esquerda que está buscando articular aliança com o PSDB, que pode ser chamado “centrinho”, não quer entrar em choque direto com o governo Bolsonaro e a extrema direita, pois estão interessados nos ganhos eleitorais de suas ações e não na derrota do governo Bolsonaro. Para esse setor é mais interessante em colocar Bolsonaro na linha e manter o governo sob controle, mas sem qualquer tentativa de tirar a extrema direita do governo. Para colocar seus planos de controlar o governo Bolsonaro, necessita de setores da direita golpista, como é o caso do PSDB.
Por isso, o caso Sérgio Moro e a Vaza Jato pode não dar em nada, mas não com base nos argumentos que a esquerda pequeno-burguesa apresenta, dizendo que a sociedade é conservadora. Muito pelo contrário, se não der em nada é culpa da política do próprio “centrinho”. O chamado “centrinho” não é de nada e quer somente se aliar com a direita pensando nas eleições dos próximos anos e não na defesa dos interesses dos trabalhadores, na anulação das eleições fraudadas que levaram Bolsonaro ao poder e, muito menos, na liberdade de Lula. O bom é que a população está mostrando uma grande tendência em superar essa política. E apenas com uma mobilização constante nas ruas será possível ultrapassar a política do “centrinho”.