Em artigo publicado pelo sítio Viomundo, o vice-presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo e militante do Partido dos Trabalhadores, Diego Pandullo, 24 anos, questionou o pedido de impeachment de Bolsonaro por setores da esquerda.
Na matéria, Diego Pandullo afirma que “rechacemos a irracionalidade do impeachment, mas não silenciemos os gritos de ‘Fora Bolsonaro’, com a consciência de que sua derrubada está fora da realidade próxima”. E ainda completou: “o impedimento não pode tornar-se uma expectativa. Não o alcançaremos e sequer o desejamos”.
Segundo ele “está fora da realidade próxima”. O que ocorre é justamente o contrário, pois o governo em sete meses na presidência encontra-se numa crise de enormes proporções. A derrubada de Bolsonaro está colocada até por setores da própria burguesia que apoiaram o golpe e a fraude das eleições que colocaram Bolsonaro e os militares à frente do governo. A campanha realizada pela imprensa golpista, que está tentando controlar Bolsonaro, abre a possibilidade das massas intervirem nessa crise.
O dirigente da UEE também aponta que as eleições de 2020 seriam fundamentais para a esquerda contra Bolsonaro e que não haveria “outro fato político para alterar a correlação de forças”. Ainda cita que as eleições permitiram o fim da ditadura, “as eleições de 74 abriram o caminho para o declínio do regime, e as respostas com a Lei Falcão e o Pacote de Abril foram insuficientes no pleito de 78”, disse.
Porém, o que abriu uma crise no regime militar não foram as eleições e sim a mobilização da população principalmente da classe operária. As eleições citadas foram uma tentativa dos militares em conter o descontentamento da população e dos trabalhadores com a crise econômica e a repressão.
As eleições de 2020 vão ser controladas pelos golpistas que, assim como nas últimas duas eleições, foram completamente fraudadas e manipuladas para haver o declínio da esquerda e ascenso da extrema direita. E os resultados comprovaram isso. Sem mobilizar os trabalhadores e a população contra Bolsonaro e a direita as eleições vão ser um novo fracasso para os trabalhadores. Isso se a crise do regime não se agravar e as eleições de 2020 existirem.
A única maneira, seja nas eleições ou fora dela, é a mobilização dos trabalhadores e da população. O governo está completamente paralisado e em crise, com ampla rejeição. A palavra de “Fora Bolsonaro” e “Ei, Bolsonaro vai tomar no c*” é ouvida em todas as manifestações, eventos artísticos, campos de futebol e por aí vai.
Recentemente ocorreram três grandes manifestações em que essa foi a palavra de ordem. A esquerda em vez de focar nas eleições e nas instituições deveria se aproveitar desse momento e mobilizar para mais manifestações para derrubar Bolsonaro do poder. A oportunidade de convocar grandes atos contra o governo em torno da exigência de seu fim não pode ser desperdiçada.