O golpe de Estado avança e persegue todo agente capaz de opor alguma resistência aos interesses do imperialismo no Brasil. Quando se trata da produção de commodities pelas empresas internacionais que atuam no País, a perseguição ainda é mais dura. O engenheiro agrônomo Vicente Almeida, concursado na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) desde 2005, foi demitido por justa causa.
Almeida já foi presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf-CUT) no período que compreende de 2010 a 2013. Sua atuação como dirigente sindical foi orientada por debater amplamente a questão dos transgênicos, enfatizando os impactos ambientais que esses produtos podem acarretar para a natureza.
A EMBRAPA vem sendo constantemente denunciada por violações ao Código de Conduta e ao Código de Ética, o que foi apresentado como justificativa para a demissão do engenheiro agrônomo. No entanto, as acusações e investigações de violações dessa natureza, se confundem com seu trabalho enquanto dirigente sindical e sindicalista. Isso configura uma clara perseguição aos sindicatos
O trabalho de Almeida enquanto dirigente sindical se pautou em denunciar as irregularidades cometidas pela EMBRAPA contra o meio ambiente; os direitos dos trabalhadores e assédio moral. O documentário “A vida não é experimento”, lançado pelo Sinpef-CUT em agosto de 2012, são mostras de sua desenvoltura política. É importante destacar que a EMPRAPA é vinculada com o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, cujo cargo de ministro é ocupado pelo ruralista Blairo Maggi (PP-MT).
Quando procurada para pedir esclarecimentos sobre a demissão de Almeida, a direção da empresa limitou-se a alegar que a mesma foi resultado de um processo de sindicância que percorreu por um ano e que foi permitido o direito de ampla defesa. A empresa não atendeu as solicitações de transparência no processo de sua exoneração e não mostrou os documentos, como relatórios de auditorias, para endossar a demissão.
Dessa forma, não pode haver dúvidas, que se trata de um processo de perseguição política. O golpe de Estado, que derrubou uma presidenta sem crime algum, encontra uma dificuldade ainda menor em atacar um dirigente sindical. Por isso, a luta pela anulação do impeachment e contra a condenação e prisão de Lula, devem ser a orientação dos trabalhadores para evitar perseguições injustas como essas.