A delação de Palocci foi ressuscitada pelo juiz entreguista Sérgio Moro como parte de uma manobra eleitoral para marcar negativamente o Partido dos Trabalhadores e tentar esvaziar os votos que as pesquisas indicam para Fernando Haddad. Ao mesmo tempo, tenta estabelecer a imagem de que há dois extremos igualmente ruins para o país, Bolsonaro e o PT.
A grande verdade é que essa delação pode ser imprestável e sua divulgação ilegal, mas ela cumpre mais uma etapa do plano para alavancar Geraldo Alckmin para o segundo turno. A esquerda pequeno-burguesa tende ser crédula quanto às migalhas que a imprensa golpista lhe oferece, sem perceber ou sem querer entender que tudo visa a desviar a atenção, dividir, evitar a mobilização.
Houve uma simulação de campanha contra Bolsonaro, revistas, jornais, telejornais produziram um conjunto de matérias para expor as ideias fascistas e o passado do candidato do PSL. Fez um grande esforço para fazer a campanha #EleNão ser visível, incentivou a participação da classe média, talvez imaginando que não fossem ser relevantes, mas os atos foram grandes e isso bastou para que a imprensa fizesse um boicote descarado a eles.
Ato seguinte, deram voz a Bolsonaro, dentro do hospital, depois no Jornal Nacional, e agora vão explorar todos os dias partes da delação do Palocci, com ou sem provas. Geraldo Alckmin imediatamente usou tanto o #EleNão como a delação, colocando-se como a alternativa, a única, aos dois extremos. Como o antipetismo parece não ter resolvido a questão sozinho, agora a campanha visa a transformar Bolsonaro em um subproduto da própria ação política do PT. Bolsonaro é PT, o PT é Bolsonaro.
Se vai funcionar ou não, com certeza não é o único trunfo da imprensa e dos golpistas. Enquanto a esquerda continuar tratando essas eleições como uma solução para o golpe e acreditando que os golpistas vão se converter em democratas tão logo o resultado das urnas seja declarado, vai continuar sendo presa fácil para os donos do dinheiro.
Por enquanto, quem comemora, e muito, é a imprensa.