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Os poodles estão tosados

Trump, o melhor presidente da história dos EUA

Donald Trump merece uma estátua de bronze em frente à Casa Branca em sua homenagem

Espetacular, Donald Trump. Simplesmente fenomenal! O aplaudo de pé. Além de ter escancarado a natureza e o funcionamento do regime imperialista, ainda teve a capacidade de revelar o verdadeiro caráter da esquerda pequeno-burguesa.

Como demonstrado na coluna anterior, a crise na qual o capitalismo está mergulhado acentuou as contradições do sistema imperialista. Uma dessas consequências foi o surgimento de Donald Trump e de um movimento de características fascistas a nível mundial, promovido pela própria política imperialista. Mas esse movimento, do qual Trump é expressão, está, neste momento, em contradição com os seus criadores. A burguesia imperialista avalia que não é o momento de utilizar a cartada do fascismo, uma experiência que se mostrou de extremo risco para o sistema.

Por isso, o descarta, por ora. E para tal utiliza-se de uma intensa demagogia “democrática”, a fim de mobilizar a chamada “opinião pública” a seu favor e impor uma política estabilizadora do regime, colocando em prática ataques ainda mais ferozes contra o povo mas com uma aparência menos horrenda do que o fascismo. A batalha agora seria entre a democracia e o fascismo, a civilização e a barbárie.

Para afastar a extrema-direita bárbara do poder, ela utiliza-se de métodos repressivos e moralistas, a fim de mobilizar uma parcela da classe social propícia a cair nessa armadilha: a pequena burguesia. Embora o proletariado seja uma classe muito mais numerosa e poderosa, ele não pode ser a base de apoio da burguesia porque esses métodos empregados por ela não funcionam com ele, por ser uma classe materialista e com muito mais independência do que a classe média, que não tem independência nenhuma.

Assim, os métodos atuais utilizados pela burguesia imperialista para fisgar a pequena burguesia de esquerda, pseudoliberal, têm sido levados a cabo por uma propaganda intensa a partir de princípios morais que resultem na repressão de seus adversários políticos.

Acusa-se a extrema-direita trumpista, nos EUA, de divulgar “fake news” para manipular a opinião pública. De disseminar o ódio contra setores oprimidos da sociedade. Mas a propaganda diz que esse ódio é contra setores sociais cuja elite é uma pequena burguesia que controla seu movimento a mando da burguesia, como é explicitamente o caso dos diversos movimentos identitários. Nunca se vê nas acusações contra o “discurso do ódio” uma menção à classe operária, mas sim aos LGBTs, mulheres, negros etc, cujos movimentos sociais – devido à desorganização de suas bases, provocada pela própria natureza de sua opressão – são dominados por uma camada superior de classe média, que diz representar seus interesses.

As “fake news” e o “discurso de ódio” de Trump deveriam, portanto, ser punidos rigorosamente com a censura, multa e até prisão para seus disseminadores. A pequena burguesia de esquerda que, como a de direita, é movida pelo medo e pela histeria, também é propensa a recorrer ao Estado para que este a socorra, devido à sua dependência da burguesia. Em resumo: Trump está oprimindo a classe média de esquerda e o Estado precisa salvá-la.

Como resultado, Trump foi censurado e bloqueado das redes sociais pelos grandes monopólios imperialistas da tecnologia. A esquerda pequeno-burguesa aplaudiu e louvou a ação daqueles que constituem o imperialismo. Afinal, a mentira e o ódio são coisas profanas, que maculam a sacralidade da moral pequeno-burguesa de esquerda.

Contraditoriamente, essa mesma esquerda, apesar de todas as acusações contra a extrema-direita, também utiliza esses mesmos métodos. Finalmente, são métodos intrínsecos à fase de decadência de sua classe social, que se afunda junto com a burguesia. Como seus princípios são morais, baseados em uma luta religiosa entre o bem e o mal, e como não é uma classe que, em geral, a priori e concretamente, defende a igualdade social, para a pequena burguesia é legítimo que um direito valha para um e não para outros, assim como os deveres.

Logo, essa pequena burguesia de esquerda defende que, enquanto a extrema-direita não deve ter o direito à livre opinião, ela (a esquerda pequeno-burguesa) deve ter. E deve ter também o direito de mentir, embora ninguém mais deva tê-lo (somente a burguesia, é claro, da qual ela é serva).

Assim, constatamos o fato de que um veículo de comunicação da esquerda pequeno-burguesa, como a Revista Fórum, defende a censura a Donald Trump por este disseminar “fake news”. E quem é contra tamanha arbitrariedade seria, necessariamente, a favor de Trump. Mas a revista, ao contrário do que seria a natureza de uma publicação jornalística, não expressa essa sua opinião através de argumentos, e sim de mentiras, falsificações, enfim, justamente de… “fake news”!

Foi exatamente isso o que fez o editor da revista, Renato Rovai. Demonstrando uma colossal incapacidade de interpretação de texto, o ex-professor de Jornalismo (coitados dos que foram seus alunos!) deturpou de modo grotesco minha coluna anterior. Histericamente, como é típico da pequena burguesia, acusou o PCO de defender Donald Trump, de não considerá-lo um fascista e de vê-lo como um pacifista. Tal “análise estreita e criminosa”, segundo nosso crítico, é “deletéria para a esquerda”, afasta a esquerda dos valores humanistas.

Confesso que esse fato me pegou de surpresa. Estava preparando um outro artigo, para polemizar com posições de outros elementos da esquerda, as quais levamos mais a sério. Infelizmente, no meio do caminho tive o azar de pisar na merda e agora tenho de limpá-la da sola do meu sapato. Mas vamos lá…

Em primeiro lugar, é realmente espantosa a deficiência cognitiva de Rovai. Publicamos um artigo cujo conteúdo deixa claro que seu título – “Obrigado, Trump” – é uma provocação, ironizando o fato de o ex-presidente dos EUA ter contribuído significativamente para a crise política do regime imperialista, abrindo a Caixa de Pandora e abalando ainda mais a dominação da burguesia, acentuando suas contradições internas. Em português claro: jogando lenha na fogueira!

Mas o analfabetismo funcional impede Rovai de fazer uma resenha de nosso artigo. Meu lado franciscano me força a ser piedoso e ter compaixão e compreensão a respeito dessa esquerda, que nunca teve senso de humor e muito menos entende uma ironia. Mas não posso acreditar que, mesmo sendo um analfabeto – funcional ou político, ou os dois -, o comentarista nos ataque por incompreensão de nossa posição.

Há segundas intenções. Um indivíduo, quando já está mal-intencionado, ignora propositalmente a posição do adversário para deformá-la e falsificá-la para seus próprios objetivos. A imprensa burguesa, por exemplo, é desonesta materialmente, recebe dinheiro da burguesia para mentir e caluniar seus oponentes. Creio que Rovai não se rebaixe a esse nível, mas sua desonestidade é, ao menos, intelectual – única característica que pode nos indicar que ele realmente tem um intelecto!

Rovai diz que afirmamos que Trump é um pacifista. O que está escrito com todas as palavras no artigo é que Trump é um pacifista em comparação com seus antecessores. É a mesma coisa que dizermos que uma pessoa de 1,70m de altura é alta em relação a uma pessoa de 1,55m, o que não significa que a pessoa de 1,70 seja alta em absoluto. Caso Rovai ainda não tenha entendido o que queremos dizer com isso, posso pedir para a Aurora, “militante” mirim do PCO de apenas 6 anos, que está aprendendo a desenhar com giz de cera, fazer um desenho e então envio à redação da Fórum

Nosso interlocutor também afirma que não consideramos Trump um fascista. Mas também explicamos com todas as letras que ele é, sim, um fascista. Depois que a Aurora fizer o desenho, vou pedir a ela que leia o texto. Não me espantarei se ela entender melhor que Rovai. O que o PCO considera, no entanto, é que, justamente por não pertencer à ala mais poderosa do imperialismo, Trump não tem condições de implementar a política do imperialismo. Por isso foi derrubado e está sendo perseguido, a fim de que o “democrata” Biden, amado por Rovai, possa escravizar os povos do mundo todo – ele sim, tendo o apoio total do imperialismo.

Trata-se de um posicionamento político de Renato Rovai. Posicionamento, esse, que é o mesmo da esmagadora maioria da esquerda pequeno-burguesa. E que está sendo revelado graças à crise política nos EUA, da qual (mais uma vez!), Trump é a principal expressão. Por isso Trump merece uma salva de palmas. Não apenas desnudou o imperialismo, não apenas desnudou o carniceiro Joe Biden, mas também desnudou a esquerda pequeno-burguesa.

No caso desta, não é bem desnudar. Se a classe média de extrema-direita é o rottweiler, a classe média de esquerda é o poodle da burguesia. Late, late… Pensa que é grande coisa, mas não assusta ninguém. E não passa de um animal domesticado.

O desespero de Rovai é devido ao fato de que ele pertence a setores que discordam das posições do PCO e que, no entanto, não conseguem rebatê-las com argumentos, através de um debate de ideias. Rovai, assim como toda essa esquerda pequeno-burguesa, apêndice da burguesia imperialista, esforça-se para ajudá-la a estabilizar o regime de dominação contra os oprimidos, agora por meio da presidência de Joe Biden nos EUA. Por isso ele é propagado como a antítese de Trump, como um democrata, um civilizado, um progressista, um humanista. Segundo Rovai, Biden é muito melhor do que Trump, um neoliberal é melhor do que um fascista. Pois um neoliberal privatiza e a privatização pode ser revertida, mas um fascista mata e a morte não pode ser revertida. Perguntemos aos iugoslavos, iraquianos, afegãos, líbios e sírios o que eles acham disso – muitos não poderão dar sua opinião, pois foram assassinados pelo “humanismo” de Biden, um dos principais responsáveis pela destruição desses países. O mesmo raciocínio é utilizado para comparar João Doria a Jair Bolsonaro. Logo Doria, cuja Polícia Militar matou duas pessoas por dia em 2020 e foi responsável pelo massacre de Paraisópolis em 2019. Logo Doria, o cientista, que deixou 50 mil pessoas morrerem de coronavírus em São Paulo, representando ¼ das mortes em todo o País.

Mas é o posicionamento do PCO que desvirtuaria os valores humanistas da esquerda! Nosso gênio da interpretação de textos talvez entenda humanismo como o apoio a genocidas como Biden e Doria, o apoio à censura, à prisão!

Todo esse espetáculo de imbecilidade promovido por nosso crítico, demonstrativo de profunda ignorância a respeito da realidade internacional e da história mundial recente, é movido pela necessidade de combater uma política independente dos trabalhadores e da esquerda. Afinal, a esquerda pequeno-burguesa está envolvida em uma campanha de sabotagem ao movimento operário e popular, uma campanha para permanecer a reboque da burguesia através da frente ampla, uma unidade nacional que permita à burguesia imperialista substituir Bolsonaro por alguém de sua total confiança, como o próprio João Doria. Esse é o plano de fundo dos ataques ao PCO, que não são ataques argumentativos mas sim caluniosos e intimidatórios. Foi pelo mesmo motivo que o capanga de Guilherme Boulos, Danilo Pássaro, tentou agredir os militantes do Partido. É pelo mesmo motivo que o próprio Boulos e seus satélites têm caluniado e mentido a respeito do Partido. É uma esquerda desonesta e intimidatória que prega que não se pode fazer críticas, mas que mente, difama, calunia e ameaça. Todos esses são métodos da extrema-direita, a qual ela jura estar combatendo!

À medida em que a crise capitalista se aprofunda, a esquerda pequeno-burguesa desloca-se ainda mais para a direita, aprofundando sua integração ao regime político burguês. Ela é utilizada como capataz da burguesia imperialista para garantir a sua dominação, a fim de conquistar o apoio da classe média histérica e de uma parte mais atrasada da classe operária que é influenciada por ela.

Os debates e polêmicas em torno do caso Trump deixaram isso bem claro. Portanto não me canso de agradecê-lo, com um sorriso no rosto. 

Por último, esse caso revela também o nível intelectual da esquerda pequeno-burguesa, a qual estamos combatendo. Um nível intelectual ridiculamente ínfimo, que lhe tira as condições até mesmo de interpretar um texto. Mas, piedosamente, não a culpo. Rovai não tem culpa de pertencer a uma classe medíocre, de pensamento medíocre e de atuação medíocre. Uma classe fadada ao fracasso e a afundar junto com a burguesia em sua crise terminal, caso insista em acompanhá-la, puxada pela coleira.

Obrigado, Trump. Nunca nenhum presidente dos EUA foi capaz de fazer a esquerda pequeno-burguesa tirar a roupa do jeito que está fazendo atualmente. Os poodles apareceram tosados.

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