Driss Mrani

Fundador e presidente do Movimento Progressista Marroquino, que visa promover princípios progressistas no Marrocos derrubando a monarquia totalitária que serve ao imperialismo e, então, estabelecer uma república democrática na qual todos os segmentos do povo marroquino participem sem descriminação

Coluna

Marrocos, justiça que protege predadores de crianças

Marrocos e a crise do turismo sexual infantil: entre o tolerado estatal e as penas brandas

A prisão da mãe do “tiktoker” Adam Benchakroun por acusações relacionadas ao tráfico humano e à exploração de menores gerou indignação pública, mas também expôs uma realidade mais profunda e alarmante: a continuidade da exploração sexual de menores marroquinos, tanto no país quanto no exterior, em meio à complacência do Estado e a um histórico de decisões judiciais brandas, além de episódios de perdões reais a pedófilos estrangeiros.

O caso Benchakroun… apenas mais um sintoma de um problema maior

O caso recente envolvendo Adam Benchakroun e sua mãe, marcado por acusações de exploração sexual e produção de materiais pornográficos envolvendo menores, não é um incidente isolado. Pelo contrário, ele reafirma a fragilidade da proteção infantil no país e a ausência de um sistema de punição eficiente, apesar das inúmeras denúncias e escândalos anteriores envolvendo tanto marroquinos quanto estrangeiros.

Penas leves para estrangeiros condenados por abusar de crianças marroquinas

A história judicial do Marrocos registra vários casos que terminaram com sentenças consideradas “brandas” pela população — ou até mesmo com perdões reais que chocaram a opinião pública.

O caso do francês em Fez (2018) — um exemplo gritante de indulgência

Em 2018, um turista francês de 58 anos foi condenado pela Câmara Criminal de Fez por ter abusado sexualmente de quatro meninas entre 9 e 14 anos.

Apesar da gravidade dos crimes, a sentença foi de apenas oito anos de prisão e uma indenização irrisória de 15 mil reais para uma das vítimas.

Perdões reais… quando a impunidade se torna institucional

O caso Daniel Galván — uma ferida ainda aberta

Em 2013, o rei Mohammed VI concedeu perdão ao pedófilo espanhol Daniel Galván, condenado por abusar de 11 crianças marroquinas.
Após forte revolta popular, o perdão foi simbolicamente revogado, mas o dano já estava feito: Galván deixou o Marrocos e voltou para a Espanha, onde continuou sua vida longe da justiça marroquina.

Para grande parte da população, o episódio demonstrou que a própria estrutura do Estado pode, em certos momentos, funcionar como mecanismo de proteção aos abusadores.

Turismo sexual em expansão… e um Estado que fechou os olhos durante anos

Vários relatórios internacionais, incluindo da UNICEF, alertam há anos que cidades marroquinas como Marrakech, Agadir, Fez, Essaouira e Tânger tornaram-se pontos de atração para turismo sexual envolvendo menores — especialmente por redes estrangeiras que se aproveitam da vulnerabilidade social.

Apesar de algumas prisões ocasionais, organizações de direitos humanos apontam que:

  • estrangeiros recebem penas leves;
  • alguns conseguem deixar o país após indultos reais.

Tudo isso transforma o Marrocos em território de risco para crianças e um destino atrativo para predadores sexuais.

Conclusão

Os casos Benchakroun, Galván, o francês de Fez e outros revelam que o problema da exploração sexual de crianças no Marrocos não é pontual.
É uma crise estrutural alimentada por:

  • vulnerabilidade social,
  • falta de mecanismos de proteção,
  • decisões judiciais brandas,
  • e intervenções políticas, como indultos reais.

Enquanto o Estado marroquino não assumir total responsabilidade para enfrentar o turismo sexual infantil e romper com práticas de tolerância e impunidade, os menores marroquinos continuarão expostos — e o país seguirá sendo um ponto de atração para abusadores nacionais e estrangeiros.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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