São Paulo

Judaísmo, sionismo e a ruptura com ‘Israel’

Debate em Sorocaba contou com a participação de Ahmed Shehada, rabino Weiss e Rui Costa Pimenta

Como parte da programação da 53ª Universidade de Férias, ocorreu, em Sorocaba, o debate Judaísmo, sionismo e a ruptura com ‘Israel’. Em parceria com o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, o evento contou com a participação de Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO); Ahmed Shehada, presidente do Instituto Brasil-Palestina; e o rabino Yisroel Dovid Weiss, da organização judaica antissionista Neturei Karta.

Introduzindo o debate, Rui Costa Pimenta explicou como o imperialismo utiliza grupos religiosos como bucha de canhão de sua política. O presidente do PCO citou o caso dos armênios que, depois de serem utilizados pelo imperialismo, “foram jogados na fervura”. “Ocorreram dois massacres de armênios pelos turcos. Todo munda culpa os turcos, mas os verdadeiros culpados são os ingleses, os mesmos que fizeram toda a operação na Palestina”, disse.

Nesse sentido, o militante trotskista ressaltou a importância de pessoas como o rabino Weiss, uma voz de dentro do próprio judaísmo que se levanta contra o sionismo e luta contra a identificação de uma religião inteira com os criminosos que estão perpetrando o genocídio na Faixa de Gaza.

“Uma coisa que me chamou muita atenção no rabino Yisroel Weiss é que ele não tem papas na língua, ele fala da maneira mais direta, mais agressiva, mais contundente possível contra o sionismo. Acho que fazer isso é prestar um favor a milhões de pessoas inocentes que podem acabar pagando por aquilo que os criminosos sionistas estão fazendo na Palestina”, afirmou Pimenta.

O presidente do PCO relembrou que o Partido está sendo alvo de uma série de processos por falar a mesma coisa que o rabino Weiss, citando sua fala no Congresso Nacional, onde pediu o fim de “Israel” durante solenidade organizada pelo Ibraspal. 

“É importante que venha uma pessoa com ele, que é uma autoridade religiosa, falar muito claramente isso. Gostaria que vocês ouvissem com a máxima atenção. Não vamos nos enganar. Há judeus, e há sionistas. Os judeus são seres humanos como qualquer ser humano. Os sionistas são monstros criminosos, e não devemos confundir as duas coisas”, finalizou antes de passar a palavra.

O próximo a falar foi o Dr. Ahmed Shehada. O presidente do Ibraspal destacou a relação de luta que possui com o rabino Weiss, uma demonstração de que não há nenhuma rixa entre os muçulmanos e os judeus:

“Não há conflito entre a religião dele e a minha religião. Não temos problema com nenhuma religião na Palestina, temos problema com a ocupação, com o roubo de terras”, explicou.

Em seguida, Shehada denunciou como o sionismo distorce o judaísmo para favorecer a política colonial do imperialismo no Oriente Médio:

“Holocausto, para estabelecer um projeto colonial com sangue também. No fundo, é um movimento colonial europeu, branco e racista — racista até contra os judeus que não são europeus. Igual a outros projetos coloniais na Argélia e na Índia.

Seu maior impulso veio da aliança com potências imperialistas, até hoje. Principalmente do Império Britânico, que emitiu a infame Declaração de Balfour, prometendo uma terra a um povo que não era o dono. Isso sim é uma traição ao próprio judaísmo.

Na verdade, o sionismo representa uma traição ao judaísmo original, que sempre rejeitou um Estado judeu. Grandes rabinos ao longo da história consideraram a criação do Estado de “Israel” uma violação religiosa, por ter sido feita com base em violência, guerra e usurpação.

Com certeza, os rabinos da Neturei Karta afirmam que o sionismo não representa os judeus — pelo contrário, envergonha o judaísmo.”

Por fim, o rabino Yisroel Weiss explicou a política de sua organização e as concepções que guiam a luta dos judeus antissionistas. Desmascarando a farsa do sionismo, explicou que, segundo o judaísmo, os judeus não podem constituir um Estado nem mesmo em uma terra que não esteja sendo ocupada.

O rabino finalizou sua fala com um chamado à ação:

“Precisamos rezar para o todo-poderoso para que, com seu poder, ele remova rapidamente e de maneira pacífica esse impedimento para a paz, essa criação malvada que é o Estado sionista de ‘Israel’. Ao mesmo tempo, até Deus ter compaixão e pôr um fim a isso, não podemos ficar calados: precisamos levantar nossas vozes pelo povo de Gaza e da Palestina, pois eles estão morrendo a cada minuto.”

Abaixo, você confere o debate na íntegra:

Veja mais fotos do debate:

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