Editorial

É preciso muito mais para barrar a ofensiva golpista

Recorrer ao STF não é uma guinada à esquerda

Nas últimas semanas, setores da imprensa e da esquerda passaram a defender a ideia de que o governo Lula estaria ensaiando uma “guinada à esquerda”. Entre os motivos apresentados estão o recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a derrubada do aumento do IOF pelo Congresso e a hesitação em sancionar o projeto que amplia o número de deputados federais. No entanto, esses gestos não representam, de fato, uma virada no sentido de uma política progressista. Ao contrário: são respostas de um governo acuado, que busca preservar sua capacidade de manobra dentro de um regime em decomposição.

A tentativa de acionar o STF contra o Congresso não representa um rompimento com a política de conciliação, mas sim sua continuidade por outros meios. Lula está tentando arbitrar o conflito com o Legislativo usando um Judiciário igualmente reacionário, o mesmo que sustenta a política do imperialismo no País, coloca a luta popular na ilegalidade e acoberta os crimes do regime golpista de 2016. Trata-se de uma disputa entre frações da burguesia sobre os limites do poder presidencial, e não de uma mobilização real contra os interesses dos poderosos.

A recusa em sancionar o aumento das cadeiras da Câmara tampouco pode ser lida como uma medida popular de austeridade com os gastos públicos. Na verdade, é uma jogada para transferir o desgaste à casta parlamentar, mantendo as aparências enquanto o governo mantém intactos os privilégios do regime. Lula não vetou o projeto, apenas cogita se omitir, permitindo que o próprio Congresso promulgue a mudança e assuma a responsabilidade.

O “giro à esquerda” que parte da esquerda pequeno-burguesa enxerga é, na verdade, um recuo forçado diante da falência da frente ampla. O fracasso da política de aliança com os partidos da direita tradicional, o isolamento crescente dentro do Congresso e o desgaste popular empurram o governo para uma encruzilhada. Mas Lula não tomou nenhuma medida efetiva em defesa dos trabalhadores. Não revogou o Novo Ensino Médio, não rompeu com “Israel”, não reestatizou nada, não convocou o povo às ruas.

Recorrer ao STF contra o Congresso está longe de representar uma guinada à esquerda: é, antes, o aprofundamento da crise do regime da Constituição de 1988. Lula pode, diante da pressão das circunstâncias, ser forçado a tomar medidas mais à esquerda — mas isso ainda não aconteceu.

Se o Supremo não o socorrer, porém, não restará alternativa senão romper com a direita e iniciar, ainda que parcialmente, uma virada à esquerda. Não por vontade política, mas por necessidade de sobrevivência. Nesse cenário, a mobilização popular será decisiva para empurrar o governo além dos limites do regime e transformar a crise em uma oportunidade para os trabalhadores enfrentarem os seus inimigos.

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