A Câmara Municipal de Porto Alegre instalou uma Comissão Parlamentar Brasil-Israel por iniciativa da vereadora Fernanda Barth.
Trata-se um fato grave na cena atual: uma representação parlamentar de uma capital brasileira cria um grupo de apoio a Israel, no momento em que este país pratica um genocídio cruel e covarde contra o povo palestino em Gaza e na Cisjordânia. Para dar suporte a esta matança, lançam mão das velhas mentiras repetidamente contadas sobre um suposto antissemitismo, um vitimismo interminável e fantasioso que tornaria justas as medidas desumanas e cruéis contra mulheres e crianças em Gaza. Parece que mais de 50 mil mortos, 70% deles mulheres e crianças, e a nova ofensiva covarde contra palestinos abrigados em tendas – que já matou quase 500 pessoas nas últimas 24h – não mobiliza a alma desses parlamentares representantes da extrema-direita da cidade.
Esta iniciativa parlamentar se ocupa de falsear a verdade sobre Israel. Não é mais possível esconder o verdadeiro caráter desse enclave dos interesses europeus no Oriente Médio. A ideologia sionista, racista e colonial, é financiada pelo imperialismo e pelos Estados Unidos desde o evento do Nakba, em 1948, e sua existência se assenta na opressão insistente e sistemática da população nativa da região. Só podemos imaginar que os responsáveis por esta comissão parlamentar ignoram a história ancestral e recente da região, talvez recebendo financiamento das instituições sionistas como o Mossad ou a CONIB, ou quem sabe apoiados financeiramente pelos empresários sionistas da cidade.
Antes de propor uma comissão de apoio ao massacre sionista, estes vereadores deveriam estudar os escritores judeus que escreveram sobre a realidade dos fatos ocorridos na Palestina. Entre os principais críticos do racismo e do Apartheid estão Shlomo Sand, ex-professor em Tel Aviv; Norman Finkelstein, professor em Princeton, Estados Unidos e Ilan Pappé professor na Universidade de Exeter, Reino Unido. Além deles, Max Blumenthal (jornalista do Greyzone), Gideon Levy (jornalista israelense, colunista do Haaretz), Miko Peled (ativista), Noam Chomsky (escritor) e Gabor Matté (médico e especialista em trauma). No Brasil, o jornalista judeu Breno Altman desenvolve um trabalho essencial de conscientização sobre os crimes do sionismo contra a população palestina. São dignas de nota também duas figuras históricas da ciência e da psicanálise, como Albert Einstein e Sigmund Freud que rejeitaram de forma explícita as propostas racistas, supremacistas e sectárias do sionismo nascente, talvez porque anteviam que esta ideologia fascista acabaria produzindo a limpeza étnica, o Apartheid e o genocídio palestino.
Estes intelectuais condenaram com veemência o massacre, os crimes, o genocídio e a limpeza étnica na Palestina, e são todos judeus. Entre eles cito especialmente Miko Peled, que contradiz todas as mentiras sobre as “guerras de defesa” e é um israelense cujo pai foi general (Matti Peled) na guerra de 67. Essa comissão espúria e imoral, que apoia genocidas e opressores, não conseguirá enganar por muito tempo com sua narrativa fraudulenta!!! Ao fim vai sobressair a verdade: os verdadeiros judeus apoiam a Palestina e Sionismo não é judaísmo. Na verdade, o sionismo racista e supremacista trai os principais valores universalistas do judaísmo.
Faz-se necessário um contraditório urgente dos representantes progressistas da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, e que se crie na Câmara uma Comissão de Apoio à Soberania da Palestina.