Nessa segunda-feira (10), tomaram posse os novos ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Padilha substituiu a profissional de carreira Nísia Trindade, enquanto Hoffmann ocupou o cargo deixado vago pelo próprio Padilha. Ambos os novos ministros são petistas e considerados bastante ligados ao presidente Lula.
Os apoiadores do governo têm apresentado a mudança como um grande acerto do presidente. Por mais que o governo procure ocultar, a sua popularidade se encontra cada vez menor, o que tem enfraquecido o governo e, consequentemente, causado uma crise nas relações com o Congresso Nacional e as demais forças políticas. As mudanças no quadro de ministros é um reconhecimento de que as coisas não vão bem.
A expectativa é que Padilha, na Saúde, por ser um político mais experimentado possa lidar melhor com as pressões do “Centrão”. Isto é, satisfaça a quadrilha de corruptos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, que estão cada vez exigindo mais do governo enfraquecido. Gleisi Hoffmann, por sua vez, tem sido apontada como alguém muito leal ao presidente e alguém com mais “firmeza”.
É possível que, do ponto de vista das qualidades individuais, essa análise faça sentido. Elas, no entanto, ignoram o problema central do governo Lula. O governo está se enfraquecendo porque não tem uma política de apelo às necessidades das massas, mas sim uma política de adaptação às exigências de seus próprios inimigos. Nada poderia provar isso de maneira mais contundente que a indicação vergonhosa do banqueiro Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central.
Uma mudança de política implicaria em uma guinada naqueles setores fundamentais do governo. Nisso, no entanto, não houve mudança. Na economia, segue a mesma equipe psicopata que quer arrancar dinheiro da população pobre para sustentar a farra dos banqueiros: Fernando Haddad e Simone Tebet. No Meio Ambiente, segue a ministra louca que é contra a exploração do petróleo brasileiro: Marina Silva. No ministério da Justiça, segue um amante da repressão: Ricardo Lewandowski.
Nada torna isso mais claro que as declarações de Hoffmann após se tornar ministra. Ela, que constantemente criticou a política fiscal de Haddad, saiu em defesa do ministro:
“Chego aqui para colaborar com todos os ministros e ministras, com a consciência do meu papel, que é da articulação política. Eu estarei aqui, ministro Fernando Haddad, para ajudar na consolidação das pautas econômicas desse governo, as pautas que você conduz e que estão colocando novamente o Brasil na rota do emprego, do crescimento e da renda.”
Dessa forma, a reforma ministerial não pode significar uma mudança de rumo no governo. Será, portanto, o mesmo que enxugar gelo.