Um tiroteio aberto pela Polícia Militar da Bahia (PM-BA) contra um grupo de atores em Salvador deixou dois feridos no último domingo (9). Um foi atingido no rosto e outro nas nádegas, locais que evidenciam a aleatoriedade dos disparos e reforçam que os policiais chegaram atirando, como de costume. O caso ocorreu no bairro de Cosme de Farias, durante a gravação de um projeto audiovisual do grupo Fatos de Favela.
Segundo a PM-BA, os agentes foram acionados para apoiar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e, ao chegarem, teriam se deparado com cerca de dez homens portando armas. Sem qualquer averiguação, abriram fogo, ferindo dois dos atores. O grupo correu para se proteger e, só após o tiroteio, os policiais constataram que se tratava de uma gravação e que as armas eram réplicas sem a ponta laranja exigida por lei.
As vítimas foram socorridas e encaminhadas ao Hospital Geral do Estado (HGE). Não há informações sobre seus estados de saúde. Durante a abordagem, um integrante do grupo foi detido com duas réplicas de pistola, e a polícia apreendeu 25 réplicas de armas, incluindo pistolas, submetralhadoras, fuzis e carregadores, além de um rádio comunicador.
O diretor do grupo, Rodrigo Batista, minimizou a ação da polícia e afirmou que o incidente foi um ‘desacerto’ da equipe, alegando que os banners indicando a gravação já haviam sido retirados no momento da abordagem. Apesar disso, o fato inegável é que a PM-BA mais uma vez agiu com sua política de ‘atirar primeiro, perguntar depois’, colocando vidas em risco sem qualquer critério. A desculpa de que os atores portavam réplicas de armas não justifica os disparos, e a prática de atirar contra cidadãos sem qualquer averiguação se tornou rotina no País.
A PM-BA, que já possui histórico de violência extrema e execuções sumárias, agiu como sempre: enxergou suspeitos e reagiu com tiros. Os agentes sequer tentaram entender a situação antes de apertar o gatilho, um reflexo da doutrina repressiva das polícias militares brasileiras. Os próprios locais dos ferimentos mostram que os tiros foram disparados indiscriminadamente, e não para ‘dissuadir’ qualquer ameaça.
Independentemente das declarações do diretor do grupo, o ponto central da questão é que a polícia não tem o direito de atirar contra cidadãos dessa forma. A PM, uma instituição historicamente voltada à repressão das camadas mais pobres da população, comprova mais uma vez que sua função é promover o terror e não garantir qualquer segurança. O episódio reforça a necessidade urgente da dissolução da polícia, um aparato que, longe de proteger a população, impõe a violência como política de Estado.