O Dia Internacional da Mulher Trabalhadora foi, neste ano, mais uma lembrança do sofrimento extremo das mulheres palestinas na Faixa de Gaza. Se há setores da esquerda pequeno-burguesa que resumiram o problema da mulher a questões identitárias, a realidade da mulher palestina deixa claro qual é a verdadeira luta da mulher trabalhadora. A ofensiva de “Israel”, iniciada em outubro de 2023, já resultou na morte de mais de 12.000 mulheres palestinas, conforme informações divulgadas pelo chefe do Gabinete de Imprensa do Governo na Faixa de Gaza, Salama Maarouf, conforme dados publicados pelo Hamas.
Dados revelam que:
- 13.901 mulheres ficaram viúvas, enfrentando desafios financeiros e emocionais severos;
- 17.000 mães perderam seus filhos, em meio a bombardeios e colapsos de infraestrutura;
- 50.000 mulheres grávidas deram à luz em condições extremamente precárias, sem acesso a atendimento
- médico adequado;
- 162.000 mulheres contraíram doenças infecciosas, consequência do colapso sanitário na região;
- 2.000 mulheres e meninas tiveram membros amputados, lidando com sequelas permanentes.
Em comunicado, o Hamas condenou a situação, afirmando que “o assassinato de 12.000 mulheres em Gaza, os ferimentos e prisões de milhares e o deslocamento de centenas de milhares são uma mancha na humanidade”. A organização também denuncia que mulheres palestinas sequestradas são submetidas a tortura psicológica e física, o que configura uma violação de normas e convenções internacionais.
Segundo relatório conjunto da Comissão de Assuntos de Detentos e Ex-Detentos e da Sociedade de Prisioneiros Palestinos (PPS), pelo menos 21 prisioneiras palestinas estão sob custódia sionista, sendo submetidas a maus-tratos. Os abusos incluem privação de alimentos, violência física, isolamento e negligência médica. Entre elas, há duas meninas, uma com apenas 12 anos, além de 12 mães e uma mulher grávida de três meses.
O contexto de prisões arbitrárias não se restringe a Gaza. Segundo organizações de defesa de direitos dos prisioneiros, desde outubro de 2023, cerca de 490 mulheres foram detidas na Cisjordânia, em Jerusalém e em territórios ocupados desde 1948. O número exato de mulheres presas em Gaza ainda é incerto, já que “Israel” não fornece informações detalhadas sobre detenções na região.
Diante da gravidade da situação, o Ministério das Relações Exteriores da Palestina pediu uma investigação internacional sobre as denúncias de crimes cometidos contra detidos palestinos. O órgão enfatiza que há um aumento no número de mortes sob custódia sionista e cobra que as Nações Unidas intervenham na questão.
O genocídio de “Israel” contra a Palestina, aprofundado após a Operação Dilúvio de Al-Aqsa, já resultou na morte de pelo menos 48.446 palestinos, a maioria mulheres e crianças, e feriu outros 111.852.
O Dia Internacional da Mulher, em Gaza, teve um tom diferente do restante do mundo. “O Dia da Mulher coincide com a continuação do cerco sionista e a interrupção da ajuda, já que as mulheres vivem em condições humanitárias catastróficas e sofrem de fome e sede“, declarou Salama Maarouf.
A realidade das mulheres palestinas deixa claro a hipocrisia do discurso identitário sobre igualdade de gênero. No momento em que o imperialismo faz propaganda afirmando um avanço na luta feminina, as mulheres palestinas lutam pela própria sobrevivência, sem garantia de segurança, saúde ou futuro.
Sobre o tema, o movimento de resistência palestino, Hamas, declarou em nota:
No Dia Internacional da Mulher:
Saudamos o papel das mulheres palestinas na luta de nosso povo, saudamos sua firmeza e pedimos sua proteção contra os crimes e a agressão da ocupação.
A observância da comunidade internacional do Dia Internacional da Mulher é uma oportunidade de expor os crimes sionistas contra mulheres palestinas em nossos territórios ocupados.
O assassinato de mais de 12.000 mulheres palestinas, o ferimento e a detenção de milhares a mais, e o repetido deslocamento forçado de centenas de milhares durante o genocídio na Faixa de Gaza representa uma mancha vergonhosa sobre a humanidade, assim como em todos esses cúmplices, silenciosos ou negligentes em parar e condenar esses crimes.
Movimento de Resistência Islâmica – Hamas
8 de março