O jornalista Juca Kfouri, do Uol, nem sequer esperou a transmissão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) acabar para soltar veneno contra a Seleção Brasileira. O motivo é aquele clássico que move todos os cidadãos brasileiros: a convocação do escrete para os próximos jogos da Amarelinha.
Concordar com a convocação ou não de determinados jogadores, claro, faz parte. Todo cidadão brasileiro tem seus preferidos e gostam menos de outros.
Fazer críticas à convocação também é necessário, uma vez que fica nítido de ainda prevalecer uma preferência de convocar jogadores das principais ligas europeias em detrimento de jogadores que estão em melhor fase em outras ligas, notadamente no Brasil.
Mesmo Dorival Júnior sendo o técnico que, de longe, mais convocou que atuam no Brasil nos últimos anos, essas críticas ainda são válidas; no primeiro caso, tratando-se de um problema subjetivo; e, no segundo caso, pois já é hora de acabar com essa ideia de que apenas por alguém estar na Europa, ele seria mais qualificado.
Por exemplo, Matheus Cunha e André, do Wolverhampton, são excelentes jogadores, mas estão em um time da 17º colocação da Premier League (Campeonato Inglês), lutando contra o rebaixamento. Enquanto isso, o ponta Luiz Henrique — Rei da América em 2024, que salvou a Seleção no ano passado e atualmente está no Zenit — foi deixado de fora…
Enfim, as críticas são válidas.
Voltemos, porém, ao jornalista peçonhento. Seu interesse não é o bem da Seleção e do futebol brasileiro; Kfouri quer apenas atacar a Amarelinha como parte da campanha intensa (sua e de seu jornal) contra o futebol nacional.
Por isso, em poucos minutos, escreveu uma coluna criticando a convocação de simplesmente o melhor jogador brasileiro (e do mundo!) em atividade, Neymar Júnior. Para justificar seu argumento, utilizou o menino Endrick, que não foi chamado.
Segundo ele, “deixar Endrick de fora da Seleção Brasileira revela uma cabeça, uma visão de mundo e de futebol. Fundamentalmente covardes”.
E continua: “de um lado, convoca-se Neymar como escudo. Do outro deixa-se de fora um jovem extremamente talentoso que, mesmo na reserva do Real Madrid, onde não poderia estar no lugar de Mbappé, é profundamente equivocado e desestimulante. Não se trata assim um talento como ele”.
Ora, Kfouri teria de argumentar (e falharia miseravelmente) por que a convocação de Neymar seria “um escudo”.
Vejam, desde seu retorno ao Santos, Neymar mostra por que é o melhor jogador do mundo. Naturalmente, o futebol não se resume a estatística. Nesse sentido, o trato com a bola é muito mais importante, e isso o camisa 10 do Santos tem de sobra. Mas vejamos os números excepcionais dele no Santos para exemplificar a situação:
Foram sete jogos (seis como titular), com três gols (sendo um olímpico!) e três passes para gol. Ou seja, seis jogos como titular e seis participações em gols. Mas, além disso, cinco grandes chances criadas, 21 passes decisivos, 15 dribles certos, 24 faltas sofridas (sendo um pênalti), segundo dados são do SofaScore.
Mas não é só isso: atuando ao lado de Guilherme, Neymar faz parte da dupla da Série A com mais participações em gols em 2025. Desde sua reestreia pelo Santos, Neymar é o jogador do Campeonato Paulista com mais participações em gols, chances criadas, passes decisivos, em faltas sofridas e em posses ganhas no ataque.
Isso tudo levando em conta que o craque ainda está retornando de um longo período afastado dos gramados por causa de lesão.
Quando Kfouri acusa Dorival de convocar Neymar como “escudo”, está dizendo que o técnico, nas próprias palavras dele, é um “covarde”, que convoca Neymar para ficar bem com a torcida brasileira. E, assim, insiste em Endrick, que, apesar de ser um grande jogador, é reserva no Real Madrid.
Endrick é o quinto jogador que menos entrou em campo pelo Real. Isso, com certeza, é um problema do treinador da equipe, o italiano Carlo Ancelotti, que alguns eurófilos queriam no comando da Amarelinha. Endrick, com pouca minutagem, fez gols importantes para o clube merengue e entrou bem em campo. Com certeza, poderia ser convocado.
Mas o cerne da questão não é esse — e, como falamos, não adianta entrar no mérito de se Fulano é melhor que Beltrano ou Sicrano, pois, ao contrário de Neymar ou Raphinha, Endrick (apesar de muito habilidoso) não está dando um verdadeiro espetáculo em campo.
O problema é que Kfouri, na sua ânsia para atacar o futebol brasileiro, ataca o melhor jogador do Brasil, pois é pago para isso pelo jornal golpista em que trabalha.