Futebol brasileiro

Em crise, SAFs podem falir diversos clubes no Brasil

A transformação dos clubes brasileiros em Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) colocou o esporte em uma crise sem precedentes

O futebol brasileiro, através da sua privatização com a formação das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs), aprofunda-se em uma crise nunca vista antes. Os clubes que foram literalmente vendidos para tubarões capitalistas agora se veem em uma situação fragilizada, pois as SAFs se tornaram empresas privadas passíveis de falência.

Para termos uma ideia da gravidade do problema, o Vasco da Gama, um dos maiores clubes do mundo, solicitou, na última segunda-feira (24), um pedido de Recuperação Judicial para reestruturar suas dívidas. A crise do Cruzmaltino atinge uma cifra estimada de R$1,4 bilhão. A empresa 777 Partners, responsável pela SAF cruzmaltina, no entanto, espera adiar a decisão de Recuperação Judicial até março, visto que ainda haverá uma definição sobre sua permanência como gestora do clube. Aqui, percebe-se claramente que, mesmo após assumir o Vasco, a 777 ainda pode sair ilesa do processo, enquanto o clube retorna ao seu cenário anterior.

Recentemente, Coritiba e Cruzeiro também negociaram a Recuperação Judicial, e o Botafogo de John Textor negocia um processo de Recuperação Extrajudicial. Além de terem sido vendidos a preço de banana para grupos estrangeiros, sabe-se muito bem que essas empresas podem facilmente decretar falência e sair do país ilesas, tendo lucrado por baixo dos panos. O mecanismo de Recuperação Judicial pode não ser aprovado pelos credores, abrindo caminho para um processo de falência — algo inédito no futebol brasileiro. O mesmo ocorre caso o pedido seja aprovado, mas o clube não consiga honrar os pagamentos acordados.

As SAFs vieram para saquear, e não para melhorar o futebol. Trata-se da privatização do esporte e de uma medida antidemocrática, que retira dos torcedores — milhões de pessoas — o papel de “donos” dos clubes e transfere-o para um único capitalista, um especulador. Usam a maior paixão popular do País para obter lucros extraordinários e depois migram com o capital para o exterior. Se o negócio não der certo, simplesmente fecham as portas dos clubes, deixando apenas migalhas e saudade para os torcedores.

Os novos tempos do futebol já mostraram a que vieram: quebrar o esporte e o país do futebol. O capitalismo, em sua fase decadente, age de forma criminosa contra o nosso esporte mais amado.

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