Vinícius Rodrigues

Militante do Partido da Causa Operária no Rio de Janeiro e membro da Direção Nacional da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR).

Coluna

Viva o Hamas!

A epopeia de Gaza será lembrada por milênios tal qual o cerco a Tróia. Os combatentes do Hamas são os heróis do mundo moderno, todos os oprimidos os saúdam 

No dia 7 de outubro de 2023, o Hamas realizou uma obra-prima da luta política, a Operação Dilúvio de al-Aqsa. Foi o mais duro golpe sofrido pelo Estado de “Israel”, principal base militar do imperialismo no planeta. E, ainda pior, colocou o imperialismo em uma situação quase impossível de superar, não havia saída.

Não atacar Gaza seria reconhecer a derrota, e levaria a mais derrotas; atacar Gaza significaria criar um caos gigantesco, que muito provavelmente levaria a mais derrotas. Mas ninguém imaginaria que a Faixa de Gaza se tornaria o palco da maior epopeia do século.

O Hamas travou uma resistência lendária contra o exército mais poderoso do mundo, o exército de todos os países imperialistas unificados. “Israel” foi apenas o meio pelo qual o imperialismo agiu, como sempre é. A Faixa de Gaza foi o local mais bombardeado da história da humanidade, e ainda assim Gaza resistiu. Se ainda houvesse grandes poetas no mundo, eles escreveriam uma poesia ainda mais bonita do que a que Drummond escreveu sobre Stalingrado. A batalha de Gaza foi uma batalha ainda mais épica que Stalingrado.

E como na União Soviética, onde a revolução derrotou a invasão nazista, em Gaza, a revolução derrotou o nazissionismo. O exército de “Israel” foi humilhado pela guerrilha palestina. Toda a aura de “exército mais poderoso do Oriente Médio” foi destruída. As forças armadas de “Israel” são fracas, não conseguiram ganhar nem do Hesbolá, e nem do Hamas – isso com o fluxo de dinheiro infinito dos EUA. A única arma real de “Israel” é sua força aérea, que, na verdade, é a força aérea da OTAN. Quando isso for superado pela nova tecnologia militar, “Israel” será liquidado.

E, no fim, o Hamas venceu. A resistência dos palestinos foi lendária. O arquiteto do Dilúvio de al-Aqsa, Iahia al-Sinuar, se tornou um mártir como uma verdadeira personagem das grandes epopeias. Um poeta não poderia criar uma vida mais espetacular do que o caminho da luta pela libertação da Palestina criou para Sinuar.

O dia 15 de janeiro será lembrado como a segunda vitória do Hamas. O fechamento do primeiro capítulo do Dilúvio de al-Aqsa, o livro que terminará com a Palestina livre. Será lembrado como o dia em que os grandes impérios tiveram de se ajoelhar diante de um povo que só possuía a sua determinação.

Como disse o poeta Drummond:

“miserável monte de escombros, entretanto resplandecente!
As belas cidades do mundo contemplam-te em pasmo e silêncio.
Débeis em face do teu pavoroso poder,
mesquinhas no seu esplendor de mármores salvos e rios não profanados,
as pobres e prudentes cidades, outrora gloriosas, entregues sem luta,
aprendem contigo o gesto de fogo.
Também elas podem esperar.”

O mundo saúde os heróis da modernidade. Eles lutaram pela libertação de toda humanidade, eles venceram.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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