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Camilo Duarte

Militante do PCO e colunista do Diário Causa Operária. É formado em Física pela UFPB.

Coluna

Ato em defesa da Palestina

Para um setor da esquerda pequeno-burguesa, não devemos apoiar os combatentes palestinos, mas nos resignar como carpideiras e chorar o genocídio

Neste dia 18 de novembro, realizamos um ato em defesa da Palestina na cidade do Rio de Janeiro. O ato ocorreu no mesmo dia da abertura da cúpula do G20, que contou com a presença de representantes do G7, expressando o repúdio do povo brasileiro aos financiadores do genocídio.

Presença do G7

O grande diferencial deste ato no dia 18/11, em relação aos realizados no dia 16/11 e ao convocado para o dia 30/11, está na presença do G7 para a Cúpula do G20, nos dias 18 e 19. Esses representantes dos inimigos da humanidade estavam presentes na cidade do Rio de Janeiro e macularam nossa soberania mediante o Decreto nº 12.243, de 8 de novembro de 2024.

Podemos afirmar que há um acordo, ou mesmo uma capitulação, do governo Lula e de parte do PT, que organizou o G20 Social entre os dias 14 e 16, afastando todos os participantes dos movimentos sociais do Rio de Janeiro até o dia 17/11.

No entanto, essa capitulação, longe de ser exclusividade do PT, foi a regra entre setores da esquerda pequeno-burguesa, como PSOL e PSTU. Estes, que organizaram a Cúpula dos Povos entre os dias 16 e 18, não mantiveram sua militância no dia 18 para se manifestar contra os representantes do imperialismo. Tal postura é degradante para uma ala que se diz de esquerda.

GLO e o Decreto nº 12.243/2024

Esse decreto supostamente “autoriza o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem no período de 14 a 21 de novembro de 2024, por ocasião da Cúpula de Líderes do G20, a ser realizada no Município do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro”.

Entretanto, apenas cerceou o direito de ir e vir, além das liberdades de expressão, manifestação e organização na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 14 e 21. A capitulação de Lula jogou por terra os direitos democráticos para garantir que os bandidos imperialistas transitassem sem incômodos na cidade.

Um cenário dantesco foi organizado pelas forças repressivas do Estado na cidade do Rio de Janeiro. Antes e durante o ato, o transporte público foi paralisado em todo o perímetro ao redor do local onde ocorreu a manifestação. Para participar do ato, os moradores da cidade tiveram que caminhar vários quilômetros.

O carro de som, os megafones e as caixas de som foram proibidos de entrar na área controlada. O trânsito de veículos foi bloqueado, e aos pedestres foi permitido apenas o uso de uma via específica. A repressão foi tamanha que nossos ônibus foram escoltados para fora da cidade do Rio de Janeiro, algo que não se viu nem mesmo durante a ditadura militar.

Delegação do Nordeste

Como esperado em um ato nacional, a manifestação do dia 18/11 contou com uma delegação de representantes do Norte e Nordeste. O simples fato de companheiros de todas as regiões do país se mobilizarem para realizar uma atividade centralizada afirma a importância e o poder político desta ação.

Partimos com mais de um ônibus para enfrentar mais de 2 mil quilômetros de deslocamento, movidos pela força de mobilização militante dos envolvidos. Sem grandes financiamentos ou apoio da esquerda, essa caravana foi vitoriosa desde sua partida, confirmando-se como uma atividade militante, organizada e que propiciou meios àqueles que desejavam se manifestar contra o genocídio do povo palestino.

Compapal

Algo que merece destaque é o ocorrido no Comitê Paraibano de Solidariedade ao Povo Palestino (COMPAPAL). Essa entidade, formada para agregar outras forças e ativistas, viu iniciativas propostas pelos militantes do PCO serem mal recebidas.

A insalubre convivência com a esquerda pequeno-burguesa revelou-se indigesta para a maioria dos ativistas. Apenas os extremamente convictos de suas ações aceitaram esse fardo.

No COMPAPAL não foi diferente: vários ativistas simpáticos a Lula foram destratados por sectários e oportunistas, resultando no esvaziamento das reuniões da entidade. Na reunião do dia 09/11, por exemplo, estavam presentes apenas quatro pessoas: a minha do PCO, um militante do PSTU, um do PCB e uma “simpatizante” da UP.

A reunião tinha apenas quatro pontos de pauta e deveria transcorrer sem dificuldades. Entretanto, o primeiro ponto era justamente a manifestação em defesa da Palestina no dia 18/11. O que deveria ser um ponto pacífico, apenas para definição da posição da entidade na convocação, participação e apoio, transformou-se em uma celeuma.

A princípio, todos concordaram que uma manifestação na presença dos financiadores do genocídio seria mais impactante. Contudo, essa concordância durou apenas até que os militantes consultassem suas organizações. A partir daí, a situação tornou-se vergonhosa, com acusações de que o PCO estaria instrumentalizando o ato, além de desculpas variadas para não participar. Ficou evidente o comum acordo entre militantes do PSTU, PCB e a “simpatizante” da UP de não assinar a convocação redigida por dirigentes do movimento operário e da esquerda.

Esses “solidários” à causa palestina não fizeram sequer o mínimo demagógico: assinar uma convocação para um ato público em defesa da Palestina. Essa postura política aproxima-se mais dos sionistas do que do PT, tão criticado por eles. Até o momento, a ata dessa reunião não foi disponibilizada, evidenciando a necessidade de uma mobilização maior para varrer essa burocracia.

Para esse setor da esquerda pequeno-burguesa, não devemos apoiar os combatentes palestinos, mas nos resignar como carpideiras e lamentar o genocídio. Esses setores atuam como a mão esquerda do imperialismo, essencial para o golpe de Estado de 2016, e interferem novamente no desenvolvimento do movimento para defender os interesses imperialistas.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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