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Editorial

Política externa de Lula não é neutra, é pró-imperialista

A história do nacionalismo brasileiro está repleta de líderes que, diante das chantagens do imperialismo, cederam gradualmente até serem completamente desmoralizados

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a se manifestar sobre a Venezuela – e mais uma vez, expressando uma política que não é sua habitual. Em entrevista a uma rádio, Lula afirmou esperar que a Venezuela “volte à normalidade”, reproduzindo a propaganda das potências imperialistas que, de olho nas riquezas e no controle político do “quintal norte-americano”, atacam desta e de outras maneiras o governo de Nicolás Maduro.

As colocações de Lula são uma capitulação diante das pressões dos Estados Unidos e da União Europeia, que buscam retomar o controle da situação no país vizinho e submetê-lo, tal qual fazem com o Brasil. O presidente brasileiro se defende dizendo que sua posição é neutra, o que está muito longe de ser verdade. Ao contrário, a política do Itamaraty (sede da chancelaria brasileira) se alinha claramente aos interesses imperialistas, como demonstram as intromissões nos assuntos venezuelanos e que claramente, são totalmente atípicos para a história de Lula e do conjunto da esquerda.

Esse movimento não é novo. A história do nacionalismo brasileiro está repleta de líderes que, diante das chantagens do imperialismo, cederam gradualmente até serem completamente desmoralizados. Em vez de enfrentar de maneira decidida as investidas das potências estrangeiras, Lula segue um roteiro conhecido e de final trágico, para o País, para as massas trabalhadoras e como lembra o caso mais extremo de Getúlio Vargas e de João Goulart, até mesmo para si.

Enquanto Lula se desgasta, o imperialismo vai criando armadilhas e aprofundando as tendências de deslocamento à direita e esperando o momento certo para agir, aproveitando o desgaste dos governos que tentam manter algum grau de autonomia sem, contudo, confrontá-lo diretamente. Qualquer semelhança com o movimento que gerou a política econômica do segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, derrubada pelo golpe de 2016, não é mera coincidência.

O presidente parece acreditar que pode equilibrar sua política externa, satisfazendo tanto os interesses internos quanto os do imperialismo. No entanto, essa tentativa de conciliação só enfraquece o governo e abre caminho para uma desestabilização futura.

A política externa de Lula, ao ceder às chantagens dos EUA e da Europa, está criando as condições para sua própria desestabilização. Ao se afastar de movimentos sociais, da mobilização operária e adotar uma política de conflito com aliados como a Venezuela, Lula não apenas enfraquece seu governo, mas também compromete qualquer possibilidade de uma política externa verdadeiramente soberana, na medida em que fortalece as forças do imperialismo dentro do País.

O imperialismo, implacável e calculista, já observa e espera a oportunidade de intervir, jogando cascas de banana para o governo escorregar, se desorientar ainda mais e aprofundar a crise. Se não houver uma ruptura decisiva com essa linha de conciliação, o destino de Lula será o mesmo dos líderes nacionalistas do passado: isolamento, desmoralização e, eventualmente, um golpe de Estado.

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