Previous slide
Next slide

Ásia

Uma esquerda que festeja o golpe em Bangladexe

Grupo ‘Voz dos Trabalhadores’, como manda o imperialismo, festeja golpe em Bangladexe. As ideias do grupo são similares às do PSTU, que apoiou o golpe de 2016

O portal Worker’s Voice (A Voz dos Trabalhadores), ao descrever o que vem ocorrendo em Bangladexe, mostra que aderiu à política do momento do imperialismo: Ditaduras x Democracias. A despeito de o governo genocida de Joe Biden aprovar o que está acontecendo no país, o sítio intitula sua matéria publicada neste 7 de agosto com “Viva os estudantes vitoriosos de Bangladexe! Avançar para a revolução Bengali”.

Esse tipo de título até nos remete ao PSTU que, na Primavera Árabe, saudou o golpe de Estado militar no Egito como se se tratasse de uma revolução popular.

Durante a Primavera Árabe ficou clara a participação de ONGs financiadas pelo imperialismo para influenciar estudantes para iniciar um processo golpista, é quase uma marca registrada, pois esses setores de classe média são suscetíveis à influência por esses organismos que injetam dinheiro nas universidades e cooptam boa parte do estudantado. É assim que ideologias como o wokismo e identitarismo se espalharam pelos meios universitários.

O início da matéria nos mostra o quanto esse grupo repete a ideologia do imperialismo, vejamos: O regime autocrático bonapartista de Sheik Hasina caiu! Esta é, sem dúvida, uma vitória para o movimento dos estudantes. A vitória foi alcançada com o martírio de mais de 300 [talvez 500, segundo alguns relatos] estudantes e trabalhadores, que se tornaram vítimas da polícia e da agressão paramilitar.

Por que a queda de um governo, seja ele qual for, representaria, e sem dúvida, uma vitória para o movimento dos estudantes? O golpe militar no Egito, 2013, trouxe quais benefícios para os estudantes, ou para a classe trabalhadora? O governo Abdel Fattah el-Sisi está assistindo calmamente o massacre de palestinos pelos sionistas e nada faz. Como se não bastasse, prometeu interceptar eventuais ataques do Irã contra o Estado genocida sionista.

Foi em 2013 que ocorreu o Euromaidan, na Ucrânia, abrindo caminho para os nazistas assumirem o poder e colocar o país sob as ordens da OTAN. Também em 2013 houve inúmeros protestos no Brasil que contou com a participação de estudantes, sendo que setores como o MBL estavam sendo coordenados desde fora. Servindo como base para o golpe de 2016, que destruiu os direitos trabalhistas que a classe trabalhadora conquistou em décadas de lutas.

Críticas direitistas

A matéria diz que Hasina chegou ao poder em 2008, após as eleições daquele ano, ganhando um segundo mandato no final do mandato do governo interino. Ela e seu partido, a Liga Awami, estavam progressivamente entrincheirando sua posição no poder desde então. O texto, no entanto, não deixa claro qual seria o crime, ou que significa o ‘progressivamente entricheirando sua posição’. Podemos adivinhar o sentido dessa expressão, é o mesmo que usavam contra o PT durante o Mensalão que, supostamente, teria um “Projeto de Poder”; ou que pretendia “se perpetuar no poder”.

A mesma crítica que fazem à Venezuela estão usando contra o governo de Bangladexe: No momento em que a Liga Awami ganhou um quarto mandato recorde, em uma eleição que foi fortemente manipulada e boicotada por grandes partidos da oposição, seu poder havia se tornado quase absoluto. No papel, Bangladesh era uma democracia parlamentar burguesa regular; na prática, tornou-se uma autocracia de um partido, centrado em torno de um líder, o Sheikh Hasina”. Não sabemos como foram as eleições naquele país, apenas demonstrado como essa é a mesma assinatura do imperialismo.

Como todo grupo pequeno-burgues, o Voz dos Trabalhadores aposta todas as suas fichas democráticas nos processos eleitorais. Além de fazerem uma crítica pueril, muito comum na direita, de acusarem a esquerda de não serem democráticas e obedecerem a um “único líder”.

Análise liberal

A matéria da VT utiliza milhares de caracteres para explicar como as dificuldades econômicas levaram ao descontentamento que teriam culminado na deposição de Sheikh Hasina. O mesmo que vimos aqui no Brasil como desculpa para derrubar Dilma Rousseff.

A pandemia afetou a indústria têxtil do país”.
“A
guerra da Rússia contra a Ucrânia, que afetou as importações de petróleo e alimentos de Bangladesh”.
“Sheik Hasina, que chamou os estudantes de ‘razakars’”.
A crueldade das forças policiais.

Segundo o artigo, o governo teria formado uma burocracia que controla o sistema de cotas e criou uma burocracia que controla os melhores empregos. Haveria no país uma corrupção desenfreada etc.

Trazendo a questão para o Brasil, onde setores pequeno-burgueses levantaram questões econômicas e de corrupção contra o governo do PT, o golpe serviu para roubar dos trabalhadores seus direitos mais elementares, aumentando assim os ganhos da burguesia.

O golpe, planejado e orquestrado pelo imperialismo, não trouxe ganhos, mas inúmeras derrotas, como a precarização do trabalho, o fim dos diretos trabalhistas e previdenciários, a instalação de um teto de gastos que visa garantir o pagamento de juros para os banqueiros, a volta da fome.

Militares em ação

A ação do exército foi decisiva. Foi ele quem deu o ultimato para a renúncia de Hasina, e coordenou conversas com todos os partidos e órgão estudantis. Em gesto de extrema boa vontade, o texto diz que Com a renúncia do xeque Hasina e a dissolução do parlamento, a polícia e os paramilitares aparentemente derreteram da cena. Quem pode acreditar que os militares, que estavam o tempo todo agindo nos processos, teriam saído de cena como em um passe de mágica?

A imprensa burguesa está festejando o governo interino, e dizendo que Muhammad Yunus, o Nobel de economia controlado pelos EUA, estaria encarregado de restaurar a paz em Bangladexe.

O VT afirma que Uma importante vitória democrática foi conquistada em Bangladesh com uma vitória contra o governo autocrático Sheik Hasina e as forças da capital indiana. A próxima vitória deve ser conquistada contra o exército, e os reacionários islâmicos, para garantir esta revolução. Exatamente o discurso do PSTU em 2016 que disse que primeiro tirariam Dilma e, em seguida, tiria “todos” do poder.

Conforme pudemos ver, o PSTU se contentou com o golpe contra o PT e nada fez para retirar “todos” de lugar nenhum. A economia piorou e a corrupção continuou comendo solta.

Essa matéria da VT nada mais é que uma análise burguesa, liberal, da situação de Bangladexe. Não propõe nada e, além de tudo, rebaixa a luta da classe trabalhadora como se o propósito desta fosse instaurar não um mundo sem classes, mas uma “democracia”. Seja lá o que essa palavra signifique.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.