Como em diversos acontecimentos onde há um enfrentamento entre o nacionalismo burguês e o imperialismo mundial, a tentativa de golpe de Estado contra Nicolás Maduro na Venezuela fornece uma oportunidade para uma marcação de posição da esquerda nacional. A divisão entre aqueles que estão totalmente dominados pela política do imperialismo e os qu se opõem a essa política é gritante.
Alex Solnik, colunista do Brasil 247, já havia demonstrado, em diversas oportunidades, seu posicionamento subserviente ao imperialismo. Ele apoiou a OTAN contra a Rússia e criticou a comparação feita por Lula do massacre que “Israel” realiza com os palestinos hoje com o holocausto nazista. Agora, para não perder o costume, toma a posição do imperialismo na questão venezuelana.
Em uma de suas colunas, intitulada Retroceder jamais, ele procura demonstrar que o governo de Nicolas Maduro seria “autoritário” e que sua luta contra a tentativa de golpe de estado do imperialismo é apenas ele “dobrando a aposta” porque está sendo “pressionado por outros países a provar que não o é [autoritário]”.
Solnik não fala, no entanto, do autoritarismo dos norte-americanos, que querem definir, em outro país (um país vizinho nosso, diga-se de passagem), como ele deve conduzir suas eleições e quem deve ser o candidato a vencer essas eleições. Muito pelo contrário, o colunista afirma que Maduro deve fazer exatamente o que o imperialismo quer, uma colocação que só poderia partir de um lambe-botas profissional de Washington.
Há também, por parte de Solnik, uma certa ironia com relação à clara articulação de um golpe de estado na Venezuela: “Maduro já definiu a insistência de parte da comunidade internacional em pedir as atas da eleição e os protestos comandados pela dupla de opositores como ‘um complô’ contra ele”, ironiza Solnik, muito embora todas as eleições venezuelanas tenham sido seguidas de complôs e conspirações do imperialismo, como no caso do golpista Juan Guaidó nas eleições anteriores, além de muitos outros. Isso sem falar nas inúmeras tentativas de assassinato contra Maduro.
Logo abaixo, Solnik comete mais uma série de atentados contra a realidade: “Como ele já controla os três Poderes da República, e atribui à oposição os enfrentamentos que resultaram em mortes, sequestros e prisões, endurecer mais o regime significa fechar os partidos políticos e suspender as eleições, já que seriam a origem da violência”.
Maduro não “atribui” à oposição esses enfrentamentos, a realidade é que os guarimberos agiram, financiados pelo imperialismo norte-americano, de forma violenta e cruel contra a população venezuelana, incendiando prédios e incendiando pessoas, além de diversos outros atos de violência em diversas situações onde tentaram derrubar o governo chavista.
A acusação de que ele vai “fechar partidos” também é descabida, pois não aconteceu. Apesar disso, se realmente acontecesse, seria algo totalmente secundário se comparado com o problema da luta contra o imperialismo. A única questão realmente importante é quem vai vencer essa guerra, o imperialismo ou o povo venezuelano? E de que lado Solnik está?
O capachismo se completa com a afirmação final de Solnik: “Pode ser um passo arriscado, mas não há dúvida que Maduro sempre terá Moscou e Pequim ao seu lado”. A insinuação de que seria algo negativo ter Moscou e Pequim ao seu lado, ou de que os governos russo e chinês estariam sendo cúmplices de algum crime ao apoiarem Maduro, é algo totalmente absurdo e profundamente pró-imperialista.