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Dia de Hoje na História

1/3/1919: movimento 1º de Março se levanta contra Japão na Coreia

O movimento 1º de Março deixou como legado o fortalecimento da luta do povo coreano pela sua independência, que viria a ocorrer em 15 de agosto de 1945

Neste dia 1º de março, completam-se 105 anos do movimento Primeiro de Março, também conhecido como movimento Sam-il, que constituiu uma das primeiras e mais importantes demonstrações populares coreanas contra o domínio colonial do imperialismo japonês e pela independência da Coreia, à época ainda uma península unificada.

Em 1919, a Coreia, que contava então com um regime monárquico, estava já há nove anos sob ocupação ostensiva de forças militares japonesas, que visavam, através de uma repressão intensa, garantir o estado de colonial da península coreana que, embora formalmente só tenha passado a constituir o império japonês em 1910, sofreu, assim como a China, com a influência imperialista do país nipônico ao longo de grande parte do século XIX.

Assim, o povo coreano se viu por muitos anos submetido a um regime de intensa opressão, em que os japoneses agiam com extrema brutalidade, exibindo todas as características tipicamente imperialistas: superexploração do trabalho, pilhagem dos recursos naturais, regimes de trabalho forçado, tentativa de destruição da cultura coreana, sistema político burocrático e antidemocrático etc.

Desse modo, com o acirramento da opressão colonial a partir de 1910, tendências nacionalistas ganharam força entre a população coreana, sendo expressas, como é próprio dos movimentos nacionalistas, principalmente através das classes com maior acesso a recursos materiais e culturais, como intelectuais, líderes religiosos e estudantes universitários.

Por conseguinte, uma crescente agitação política tomou conta do país ao longo da década de 1910, preparando o ambiente para um cenário de profunda crise e convulsão social. Um acontecimento marcante ainda contribuiu para acirrar os ânimos, quando Gojong, que havia governado a Coreia como monarca por 43 anos, entre 1864 e 1907 (sendo, portanto, uma figura fortemente atrelada ao sentimento nacionalista coreano), morreu de forma súbita em 21 de janeiro de 1919, com forte suspeitas de que sua morte foi causada por envenenamento a mando das forças japonesas.

Então, em 1º de março de 1919, um grupo de 33 ativistas, composto praticamente na totalidade por intelectuais e líderes religiosos, se reuniu em um restaurante da cidade de Seoul e leu em voz alta para o público presente a Declaração de Independência Coreana, que havia sido escrita pelo historiador Choe Nam-seon. Eles então assinaram o documento e o enviaram ao Governador-Geral de Chosen, nome dado ao preposto do imperialismo japonês na Coreia, encarregado de executar as ordens provindas de Tóquio.

A ação dos ativistas deu lugar a grandes manifestações populares que se espalharam por todo o país, nas quais o povo exprimia seu apoio à declaração de independência e se rebelava abertamente contra a opressão japonesa. Na maioria das demonstrações públicas, ocorrida na praça Pagoda em Seoul, uma multidão se reuniu para escutar um estudante, Chung Jae-yong, declamar a declaração de independência. Após isso, os manifestantes seguiram em uma passeata de caráter em grande medida pacífico, o que não impediu as tropas militares japonesas de se lançarem contra a população para contê-la.

Além desse ato, outros tantos ocorreram, sendo impulsionados pelo movimento nacionalista através de delegados para ler a declaração em diferentes pontos espalhados pela península. Estima-se que outras 1.000 manifestações públicas diferentes ocorreram no país ao longo daquele mês de março, reunindo aproximadamente dois milhões de pessoas.

Em resposta à gigantesca rebelião popular, as forças imperialistas japonesas agiram com grande truculência para esmagar a sublevação do povo coreano, se valendo dos métodos criminosos que caracterizam a história do imperialismo japonês e, de forma geral, de todo o imperialismo. Um historiador coreano da época, Park Eun-sik, estimou que aproximadamente 7.500 pessoas foram mortas, 16.000 feridas e outras 46.000 presas pela polícia japonesa.

Com o cinismo que já é conhecido das forças de repressão, os militares alegaram a morte de oito policiais, supostamente causada pela ação dos manifestantes, para retaliar o movimento, se valendo de execuções públicas e de tortura para intimidar os manifestantes. Uma das figuras que se tornou símbolo do movimento, a ativista Yu Gwan-sun, não recuou diante da truculência japonesa, e persistiu na luta pela independência ao longo de mais de 1 ano depois, até que foi presa pela polícia japonesa e torturada até a morte em 28 de setembro de 1920.

Cabe notar ainda que, como nos dias de hoje, também em 1919, não houve por parte dos países imperialistas da Liga das Nações (precursora da ONU) nenhum esforço para conter as atrocidades cometidas pelo Japão contra os coreanos, sendo que todos eles reconheciam e consideravam legítimo que a Coreia fosse uma colônia japonesa.

O movimento 1º de Março deixou como legado o fortalecimento da luta do povo coreano pela sua independência, que viria a ocorrer em 15 de agosto de 1945, após a rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial. A data é considerada feriado nacional em ambas as Coreias do Norte e do Sul, o que expressa ser a luta contra a dominação imperialista uma luta de todo o povo coreano.

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