Entre a Lehí, o Irgun e a Haganá, esta foi a principal milícia fascista do sionismo utilizada pelo imperialismo britânico e norte-americano para realizar a limpeza étnica da palestina e fundar o Estado de “Israel”, em 1949. Em seu auge, contou uma média de 20 mil homens, prevalecendo numericamente sobre o Irgun (cerca de 4 mil) e a Lehí (algumas centenas). Assim, a Haganá acabou tornando-se a principal base para a formação das Forças de “Defesa” de “Israel”, com a declaração da fundação do Estado sionista, em maio de 1948.
Foi a primeira das três. Ao contrário das outras, que foram criadas uma após a Revolta Palestina de 1929 (Irgun), e a outra após a Revolução Palestina de 1936 (a Lehí), a Haganá data do ano de 1920.
Surgiu como o braço armado dos colonos sionistas que já haviam estabelecido assentamentos na Palestina naquela época.
Vale relembrar que em 1920 o imperialismo britânico já havia declarado seu apoio a sionismo, através da declaração de Balfour (de 1917), carta enviada pelo secretário britânico dos Assuntos Estrangeiros, Arthur James Balfour, ao banqueiro Lionel Walter Rothschild, declarando a intenção do Império Britânico de estabelecer um “Lar Nacional Judeu na Palestina”.
Assim, a imigração judaica, que aumentava progressivamente, começava a gerar conflito entre a população árabe local, da Palestina, que era majoritária. Muitos conflitos estouraram. À época, o principal deles foram os motins de Nebi musa de 1920 ou motins de 1920 em Jerusalém. Os distúrbios tiveram como resultado 9 mortos, dos quais 4 árabes e 5 judeus. Foi, igualmente, um episódio no progressivo desenvolvimento da nacionalidade palestina, ainda bastante incipiente. A Haganá surgiu nesse evento, criada pelas comunidades dos colonizadores sionistas (Yushuv). Resultou da formação de outras milícias menores, como a Hashomer, que, por sua vez, havia derivado da Bar-Giora. Estas, por sua vez, tiveram origem entre os anos de 1904 a 1914, durante a Segunda Aliyah, isto é, a segunda migração de judeus da Europa para a Palestina.
A título de curiosidade, Haganah significa defesa. É curioso, pois não se tratava de uma tropa defensiva, mas de colonizadores que contaram com quadros sionistas que haviam sido treinados pelo exército imperialista britânico, e lutado pela coroa contra o Império Turco-Otomano durante a Primeira Grande Guerra. Fala-se da Legião Judaica e dos Corpos Soldados de Sião.
Entre os anos de 1920 e 1929, o líder da Haganá foi Yosef Hecht, um judeu sionista veterano da Legião Judaica. Contudo, nestes anos, a milícia fascista não era bem equipada e, igualmente, faltava-lhe organização, pecando pela falta de centralização e coordenação na repressão aos palestinos. Era um face a moeda do desenvolvimento incipiente da nacionalidade Palestina, que ainda não se opunha ferrenhamente ao domínio do imperialismo britânico e a progressiva invasão sionista. Produto da conjuntura história.
A situação mudou a partir da Revolta Palestina de 1929, que se deu entre Palestinos e Judeus em torno do acesso ao Muro de Buraq ou, como é comumente conhecido, o Muro das Lamentações. Resultou na morte de cerca de 200 palestinos de 300 judeus. Essa questão foi apenas um estopim, para o fato da crescente imigração e compra de terras por parte dos sionistas, que era impulsionada, financiada e facilitada pelo imperialismo britânico e pelas autoridades do Mandato Britânico da Palestina. O resultado da Revolta mostrou para o imperialismo e o sionismo que a nacionalidade do povo palestino estava se concretizando cada vez mais, e que a população estava se organizando para combater os invasores. Também provocou um racha dentro da milícia, que resultou na criação de outra, o Irgun. Releia a matéria já publicada sobre esta:
Essa conjuntura apontou a necessidade de uma melhor e mais eficiente organização
E foi o que a Haganá fez, com a ajuda dos britânicos.
Contudo, a elevação da milícia a um patamar superior de profissionalização veio mesmo no ano de 1936. E qual foi a razão disto? A Revolução Palestina de 1936, acontecimento que marcou um ponto de inflexão na história do povo palestino. Naquele ano, a sociedade palestina como um todo se insurgiu contra o domínio britânico e contra a invasão sionista. Os ingleses, sem conseguir conter a revolta massiva da população, precisou contar com as milícias sionistas em todo o seu poderio.
Um adendo, politicamente, ao contrário do Irgun, que era associado ao revisionismo sionista de Jabotinski, e à sua organização fascista, o Betar, a Haganá era associada ao Mapai, isto é, o “trabalhismo/social-democracia” sionista, os principais representes políticos o imperialismo britânico, no que diz respeito à política sionista na Palestina.
Tendo em vista isto, a Haganá foi a milícia a ser profissionalizada. Conforme matéria já publicada neste Diário, sobre a Revolução de 1936, “para o povo que se insurgia contra seus opressores, os britânicos profissionalizaram mais ainda os fascistas da Haganá, criando a Polícia de Assentamento Judaica, a Polícia Supernumerária Judaica e os Esquadrões Noturnos Especiais, que foram treinados e liderados pelo Coronel Orde Wingate, do Exército Britânico. Segundo relata o historiador britânico Jonathan Fenby, Moshe Dayan, membro da Haganá que serviu sob Wingate, e que eventualmente chegou a ser comandante das Forças de Defesa de “Israel”, chegou a declarar em certa ocasião que Wingate “nos ensinou tudo o que sabemos”.
O que contribui para demonstrar que os sionistas sempre foram treinados e apoiados incondicionalmente pelo imperialismo inglês, até mesmo em suas ações mais fascistas. Releia a publicação:
O primeiro movimento unitário por uma nacionalidade palestina
Na Revolução, o imperialismo britânico, utilizando-se da Haganá e do Irgun, desmantelaram quase que por completo a organização política dos palestinos, necessária a resistir o domínio do imperialismo e a invasão do sionismo.
Apesar disto, os ingleses seguiram contribuindo no treinamento da milícia fascista nos anos que se seguiram.
Em 1941, foi criada a Palmach, uma tropa de elite dentro da Haganá, contando com seus melhores quadros. Os britânicos forneceram sua expertise militar a esse grupo em 1942. Em 1943, na conjuntura da Segunda Guerra Mundial, o exército inglês criou o Grupo de Brigada Judeu, composto de mais de 5 mil judeus sionistas, para lutar na Campanha da Itália. Eram um pretexto para qualificar quadros militares sionistas para a ofensiva que seria desatada em 1948, que resultou na Nakba e na fundação de “Israel”.
A Haganá tornou-se uma agrupamento militar fascista altamente qualificado, graças ao imperialismo britânico.
Sem este apoio, os sionistas não teriam conseguido expulsar os quase 1 milhão de palestinos de suas terras, e o Estado genocida de “Israel”, possivelmente, não teria existido.
Contudo, ocorreu, e eis algumas das atrocidades cometidas pela Haganá, durante os anos de 1948, após ter se tornado o principal núcleo das Forças de “Defesa” de “Israel”:
Sionistas estupraram mulheres e mataram mais de 70 palestinos
Ao menos 70 palestinos mortos, dentre bebês, mulheres e idosos