Política golpista

Quem faz o jogo da direita? O PSTU com certeza é um deles

Em editorial, o PSTU procura demonstrar que o PT faz o jogo da direita, mas propõe que os trabalhadores abandonem o governo, deixando-o à mercê do golpe da própria direita

Em editorial publicado no seu sítio Opinião Socialista, o PSTU mostra mais uma vez que está na ponta de lança da política de atacar o governo Lula pela esquerda, conforme os interesses da burguesia golpista. O título da matéria, “Quem faz o jogo da direita?”, questiona diretamente essa afirmação, no entanto, reforçando a sua realidade e estabelecendo, de uma vez por todas, que quem faz o jogo da direita é o PSTU.

O texto começa com a discussão sobre a questão da violência policial, afirmando que o governo Lula nada fez para combatê-la, não colocando em pauta a “desmilitarização da PM” ou a “descriminalização das drogas para poder enfrentar o negócio bilionário do tráfico”. Segundo o PSTU, isso seria uma prova de que “é o governo quem ajuda a ultradireita”.

Ainda que o PT tenha uma política extremamente criticável no que diga respeito ao problema da repressão policial (como já foi abordado diversas vezes por este Diário), a proposição do PSTU é um pouco absurda. Um governo como o de Lula, acossado pela burguesia e pelo imperialismo de todos os lados, não vai simplesmente propor a “desmilitarização da PM” ou a “descriminalização das drogas” e vencer essa luta no Congresso do dia para a noite, resolvendo o problema. O PT até poderia propor isso como, mas está claro que para aprovar algo assim será preciso uma grande mobilização popular.

É óbvio que tal dificuldade não significa que o governo precisa reforçar a política de repressão como fez com o pacote da democracia de Flávio Dino e outras medidas absurdas. Mas isso não significa que se deve defender que os trabalhadores não mais devem apoiar o governo Lula. Até porque isso não é algo que vá acontecer simplesmente porque o PSTU está propondo em seu pequeno editorial.

O PSTU também se aventura em tratar da questão econômica, mais uma vez criticando o Arcabouço Fiscal do governo. O PSTU afirma que “o Arcabouço Fiscal do jeito que a burguesia gosta foi feito por Haddad e por Lula. Não pela ala direita do governo”. Também equiparando esse Arcabouço Fiscal com o Teto de Gastos do governo Temer.

O Arcabouço Fiscal é, claramente, uma medida limitada do governo. O governo visou propor algo que pudesse ser aceito pelo Congresso, totalmente dominado pela direita. Não é a melhor proposta do mundo, mas também não é a mesma coisa que o Teto de Gastos de Temer. A medida de Temer, na época em que foi proposta, representou um gigantesco retrocesso para toda a população, já que apresentava um aprofundamento da política neoliberal já vigente no governo. O Arcabouço de Lula é uma tímida tentativa de remediar essa situação.

Ainda assim, é preciso considerar que o Arcabouço foi alterado de todas as formas possíveis no Congresso, procurando tirar o pouco que se poderia ter de positivo naquela medida. Num certo sentido, o que foi feito é transformá-lo numa reprodução do Teto de Gastos de Temer, o qual eles tinham permitido Bolsonaro furar para tentar se reeleger ao final de 2022. Não considerar esse fato é ignorar totalmente o funcionamento da luta de classes.

Logo abaixo, o PSTU continua, em sua esquizofrenia política: “O que impede Lula de apresentar um projeto de desmilitarização da PM? Ou Haddad de apresentar um arcabouço social e não fiscal? Qual a dificuldade em propor um aumento do salário mínimo no valor do Dieese, de R$ 6.676,11, em detrimento do lucro das multinacionais e dos bilionários?

Caso ameaçassem com demissão, que o governo as estatizasse, colocando-as sob controle dos trabalhadores”.

Colocado dessa forma é bastante fácil: “governo Lula, apresente sua proposta e reze para não ser derrubado pela burguesia”. Se as coisas são tão simples como o PSTU coloca, então por que o PSTU não toma o poder hoje mesmo e faz a revolução, nos livrando do capitalismo e da opressão praticada pela burguesia pelo imperialismo? Pelo contrário, como fez em 2016, quando a burguesia decidir derrubar o governo do PT, o PSTU ficará a favor do golpe, usando pretextos pseudo-esquerdistas como os que estão contidos no editorial.

É óbvio que não é simplesmente colocando propostas assim que o governo vai mobilizar os trabalhadores para nada. E a política do PSTU vai exatamente no sentido oposto da mobilização popular em prol dessas medidas porque, neste mesmo texto, eles propõem que os trabalhadores abandonem o governo Lula.

Para o PSTU, “Apresentar estas propostas a partir do próprio governo federal, caso o governo realmente fosse dos trabalhadores, seria possível e mobilizaria os trabalhadores, a juventude e o povo pobre”, o que não é verdade. A mobilização dos trabalhadores é uma questão que diz respeito aos movimentos sociais e aos partidos da esquerda. É legítimo exigir que o PT crie as condições para a mobilização popular, mas isso passa por estar dentro da CUT e dos movimentos demonstrando a importância dessa mobilização. A política praticada pelo PSTU não é a de impulsionar essa mobilização que eles tanto exigem, mas de sabotá-la.

A solução apresentada pelo PSTU, de “Construir uma alternativa com independência de classe”, divulgando o Congresso da sua central sindical de brinquedo, a Conlutas, é uma farsa política. Assim como no período do golpe de 2016, o governo do PT está sob ataque da direita. A proposta de chamar os trabalhadores a abandoná-lo é tudo que a direita precisa para derrubar o governo e colocar um governo golpista em seu lugar.

O governo Lula é cheio de problemas e de políticas ruins, isso não é segredo para ninguém. No entanto, a política de procurar sabotar um governo que está sendo ameaçado pela direita é a política golpista que levou o PSTU a um quase colapso no período do golpe contra Dilma. O que se vê aqui é uma repetição dessa política. O PSTU não tem força para mobilizar a classe operária contra o governo, mas sua política pode ser explorada pelo imperialismo para a defesa de seus interesses.

Diante de um governo como o PT, nacionalista, ameaçado pelo imperialismo, a política de um partido revolucionário deve ser de impulsionar uma mobilização para que esse governo possa ser um instrumento de conscientização da classe operária. Deve-se trabalhar no sentido de possibilitar que o governo tente tomar as medidas necessárias para a classe operária, e demonstrar, na prática, o quanto o regime político está dominado pela burguesia para que os trabalhadores se mobilizem.

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