Durante uma palestra sobre “Justiça Eleitoral e Defesa da Democracia” para alunos da Escola Judiciário Eleitoral Paulista (EJEP), do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), Alexandre de Moraes afirmou que questionar a lisura das urnas eletrônicas é parte de um plano para “tomar o poder e solapar a democracia”.
“De forma alguma podemos aceitar essa afirmação totalmente errônea de que isso é exercício de liberdade de expressão – nem nos Estados Unidos. Há diversas decisões da Suprema Corte [norte-americana] dizendo que atentados contra a democracia não são exercício de liberdade de expressão”, disse o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nos últimos anos, o STF, principalmente por meio de Moraes, está em uma cruzada incansável contra os direitos democráticos do povo. A declaração em questão é uma prova disso. Ela vem encoberta com uma pseudo preocupação: a “defesa da democracia”. Engana-se quem quer. A democracia de Moraes e dos defensores da censura não é nada mais do que as anti-democráticas instituições do Estado burguês, a principal delas, a própria Suprema Corte.
Quando Moraes fala em “atentado” contra a democracia, ele está apenas se preservando, nada mais do que isso. Ele está afirmando que não se deve criticar as instituições do regime vigente, é isso e nada mais. Em suma, Moraes defende uma ditadura contra o povo e para isso, precisa acabar com a liberdade de expressão, esse, sim, um verdadeiro direito democrático de todo o povo. Moraes quer acabar com o direito do povo para defender seus próprios interesses e dos seus cupinchas, é isso e nada mais. Mas como a política burguesa é dissimulada, Moraes não diz isso abertamente e recorre, cinicamente, a uma “defesa da democracia”.
Finalmente, questionar um regime deve ser algo absolutamente garantido pela lei, caso contrário, trata-se de uma ditadura. Se levássemos a posição de Moraes ao pé da letra, por exemplo, não se poderia propor alterações à Constituição Federal sem que isso seja considerado uma “”tentativa de tomar o poder e solapar a democracia””.
Falar não é e não pode nunca ser um crime. Se um cidadão quiser criticar as urnas eletrônicas, deve poder fazê-lo sem que seja processado ou preso. A liberdade de expressão deve ser absolutamente irrestrita, qualquer restrição nos direitos democráticos se volta, invariavelmente, contra os trabalhadores.
Incrível é setores da esquerda apoiando essa política reacionária. É a decadência total.