Quando estudamos os substantivos, os professores ensinam que eles possuem gênero, número e grau, com o grau podendo ser aumentativo ou diminutivo; entretanto, o grau comporta-se, em termos linguísticos, diferentemente. Todo substantivo, em língua portuguesa, é necessariamente formado por gênero e número, o grau, porém, pode não ocorrer na palavra; nos substantivos “livros” e “mesa”, por exemplo, há gênero e número, mas não há grau. O grau não classifica morfologicamente os substantivos feito o gênero e o número, pois ele funciona enquanto sufixo, isto é, um morfema articulado após o radical da palavra, com o grau aumentativo sendo geralmente formado pelo sufixo “-ão” e, o diminutivo, pelo sufixo “-inho”.
Além do “-ão” e do “-inho”, há outros sufixos para marcar o grau. No caso do aumentativo há, por exemplo, “cabeça-cabeçorra”, “dente-dentuço”, “membro-membrudo”, “pancada-pancadona” e, para o diminutivo, há “chuva-chuvisco”, “mala-maleta” e “nodo-nódulo”. Além do sufixo, o grau pode ser marcado na chamada forma analítica, quando são colocados os adjetivos “grande” ou “pequeno” após o substantivo, feito em “cabeça grande” e “cabeça pequena”.
Ademais, o sentido dos substantivos pode ser modificado com o uso de outros sufixos ou prefixos, isto é, por morfemas articulados ao radical da palavra, seja depois deles, no caso dos sufixos, conforme dito logo no início, seja antes, no caso dos prefixos. Vocábulos tais quais “desrespeito” ou “reforma” são formadas, respectivamente, pelos prefixos “des-” e “re-”, e palavras tais quais “lealdade” e laranjal” são formadas, respectivamente, por sufixos “-dade” e “-al”. Esse tipo de formação de palavras chama-se derivação.
Os prefixos podem ser de origem latina ou grega. São de origem latina, por exemplo, o prefixo “ante-” de “antebraço”, o “entre-” de “entrelinha”, o “pro-” de “progresso” e o “sobre-” de “sobrecarga”; são de origem grega, por exemplo, o “an-” de “anarquia”, o “anfi-” de “anfiteatro”, o “epi-” de “epiderme” e o “pró-” de “prólogo”. Os sufixos podem ser verbais, adverbiais ou nominais, dependendo da classe de palavras formada por eles. Porque se trata dos substantivos na coluna de hoje, restringimo-nos, por enquanto, apenas aos sufixos nominais, os quais, ao lado do grau, são estes, entre vários outros:
(1) “-ada” para indicar coletivo, feito em “boiada” e “meninada”;
(2) “-aria” para indicar ramo de negócios feito em “livraria” e “drogaria”;
(3) “-ário” ou “-eiro” para indicar profissão feito em “secretário” e “carpinteiro”;
(4) “-ite” para indicar inflamação feito em “faringite” ou “gastrite”.
Um substantivo pode ser formado simultaneamente por prefixação e sufixação, tal qual a palavra “injustiça”, formada a partir do adjetivo “justo”, do prefixo “in-” e do sufixo “-iça”.
Evidentemente, a questão da formação das palavras é tópico bastante abrangente, merecendo ser tratado a parte; o que foi apresentado, no entanto, é suficiente para se compreender, pelo menos, a formação dos substantivos.