Díaz-Canel

“A política dos EUA é uma só, não importa o partido no poder”

Presidente cubano denunciou duramente o embargo econômico durante sessão ordinária da assembleia nacional

O texto abaixo é a transcrição da primeira parte do discurso do presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, na abertura dos trabalhos do 10º mandato da Assembleia Nacional do Poder Popular, eleita recentemente. Separamos o discurso em três partes, devido a seu tamanho. Para ler as demais, acesse os links abaixo:

“Cuba é uma força capaz de vencer os piores vendavais”

Díaz-Canel convoca juventude para defender legado da revolução

Discurso proferido nas conclusões da Décima Sessão Ordinária da Assembleia Nacional do Poder Popular em sua IX Legislatura (Parte 1 de 3)

Caro General do Exército Raúl Castro Ruz, líder da Revolução Cubana;

Caros companheiros da Geração Histórica que nos acompanha;

Novos membros do Conselho de Estado;

Membros do Conselho de Ministros;

Hóspedes e convidados;

Deputados e deputadas:

As nossas primeiras palavras são de felicitações aos companheiros e companheiras hoje eleitos ou nomeados, respectivamente, para ocuparem a direção da Assembleia Nacional do Poder Popular, do Conselho de Estado e do Conselho de Ministros.

Parabéns a todos pelo Dia da Vitória! Em 19 de abril de 1961, nas areias da Playa Girón, Cuba conquistou o direito de comemorar este dia, ao desferir sua primeira grande derrota para o imperialismo na América.

Trata-se do triunfo dos justos sobre os injustos, do pequeno Davi contra o gigante Golias, de uma Revolução socialista sob o nariz de um império, como Fidel a definiu nos dias 23 e 12, na despedida de luto pelas vítimas do bombardeio dos aeroportos de Ciudad Libertad, Santiago de Cuba e San Antonio de los Baños, no prelúdio da invasão.

Essa vitória é tão épica que 62 anos depois os derrotados não conseguiram nos perdoar. E é graças a essa vitória que hoje instalamos, pela décima vez, a Assembleia Popular.

As 470 pessoas que foram empossadas recentemente como deputados e deputadas não conquistaram a cadeira por terem mais dinheiro ou o apoio de partidos eleitorais, cujo único objetivo é colocar um defensor dos interesses de determinados grupos do país no local onde o as leis do país são decididas.

Cada um de nós está sentado aqui para defender os interesses da maioria e não vamos ganhar mais ou receber regalias por servir como deputado, como acontece em tantos países que ostentam modelos democráticos multipartidários.

Cuba defende o partido único, garantia de unidade desde que José Martí fundou o Partido Revolucionário Cubano, porque está na raiz de nossa história e porque as forças de uma pequena nação que há 200 anos foi declarada oficialmente como apêndice para ser anexada ao poderoso vizinho, quando um império voraz já estava se formando.

Em poucos dias, 28 de abril, fará dois séculos que o então Secretário de Estado e posteriormente Presidente da União, John Quincy Adams, definiu sua teoria do “fruto maduro” para Cuba: “… há leis de gravitação política como há de gravitação física, e assim como uma fruta separada de sua árvore pela força do vento não pode, mesmo que quisesse, parar de cair no chão, assim Cuba outrora separou-se da Espanha e rompeu-se a ligação artificial que tinha com ela, incapaz de se sustentar, deve necessariamente gravitar em torno da União Norte-Americana, e dela exclusivamente, enquanto a própria União, em virtude de sua própria lei, não poderá deixar de admiti-la em seu seio”.

Desde aquele anúncio de abril até a promulgação da Doutrina Monroe, em dezembro de 1823, passaram-se meses. Mas de lá para cá, há 200 anos, a política do vizinho poderoso é uma só, ainda que se alternem dois partidos no poder. Para Cuba, pelo menos, é muito difícil distingui-los, enquanto, por exemplo, praticamente todas as medidas aplicadas pelo republicano Donald Trump para reforçar o bloqueio são mantidas por seu adversário político, o democrata Joe Biden.

“Lembre-se de Girón”, alertavam nossos pais a cada nova ameaça de invasão que surgia a partir de 1961. O slogan continua vivo no imaginário popular, porque a atitude mercenária também. Sem Nicarágua e sem Somoza, agora os invasores treinam nos Everglades e ameaçam de suas cavernas nas redes sociais.

O poderoso vizinho continua sendo generoso com os “emprestados” para destruir a Revolução e destina anualmente dezenas de milhões de dólares a quem se oferece para subverter a ordem interna de Cuba, pessoalmente ou pela Internet.

Nem um dia desses anos deixamos de sentir os golpes dessa guerra não declarada contra a economia e a sociedade; contra o cotidiano e os sonhos de progresso de toda uma nação.

Assim como nos lembramos de Girón, sempre nos lembraremos da crueldade do bloqueio reforçado em condições de pandemia; a infame inclusão de Cuba em uma lista de supostos patrocinadores do terrorismo para sitiar todas as vias financeiras; o oxigênio que eles se recusaram a nos dar, enquanto incitavam tumultos de rua, de alguma forma já nos foi negado ao fechar todas as possibilidades de comércio ou financiamento.

O povo está se saindo vitorioso de todas estas batalhas e não tenho dúvidas que, tal como em Girón, vamos continuar a vencer! Cuba mantém intacta sua linha de princípios e sua vontade de dialogar, mas sem pressões ou condicionamentos.

Mas o jarro vai à fonte tantas vezes que quebra. Um dia, mais cedo ou mais tarde, a política de hegemonia terá de cessar; o multilateralismo ocupará seu espaço e Cuba poderá provar até onde pode ir uma nação de pessoas nobres, criativas e talentosas unidas em torno de objetivos claros, se for libertada de pressões e bloqueios.

Agora, vamos nos concentrar no que temos e podemos fazer, mesmo de pés e mãos amarrados. Para pensar e trabalhar juntos, repassando aquelas condições que não podemos mudar, está fundada esta 10ª Legislatura.

Todos nós agora teremos menos tempo para nossas famílias e carreiras, menos horas de descanso. Só nos esperam maiores responsabilidades e um alto dever: servir o povo de Cuba, sempre em sintonia com suas demandas e necessidades.

Paro aqui para apontar o que acredito que deva caracterizar a nova legislatura: o contato permanente com os bairros, com as comunidades, com aqueles que nos elegeram, conscientes de que não podemos fazer milagres, mas podemos transformar a desafiadora realidade de Cuba. conseguimos criar a sinergia essencial entre esforços individuais e coletivos; entre bairros e municípios; entre os municípios e a província, entre as províncias e a nação.

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