O pacote aprovado pela direita nacional, diminuindo salários, acabando com o 13º, permitindo demissões, acabando com os 30% das férias, é um ataque em regra contra o trabalhador. Além de tudo isso, a burguesia estabeleceu, com aprovação do STF, o primado da negociação entre patrão e trabalhador sobre a legislação e a introdução do contrato individual. Um duro golpe na CLT.
Esse pacote, aprovado por toda a direita de conjunto, é um verdadeiro assalto aos direitos econômicos dos trabalhadores. Isso vai levar a um retrocesso total nas condições de vida da população, aprovado no momento em que a crise dos capitalistas explode por conta do coronavírus. Trata-se do tradicional mecanismo do capitalismo de que o trabalhador deve pagar pelos prejuízos. Esse conjunto de medidas representa uma gigantesca transferência de dinheiro dos trabalhadores para os capitalistas.
Em meio a isso tudo, ou seja, um ataque sem precedentes ao povo, a esquerda apresenta o auxílio esmola de 600 reais como uma vitória. Mais ainda, apresentou como uma conquista da unidade entre os representantes dos trabalhadores e a direita, que segundo essa esquerda seria uma direita civilizada. É preciso dizer que esse dinheiro, que no montante chega a 43 milhões, é uma gota no oceano perto da devastação de direitos e do roubo que está sendo feito aos trabalhadores.
A queda do ministro bolsonarista, Luiz Henrique Mandetta, novamente explicitou essa política da esquerda pequeno-burguesa de defesa da direita chamada civilizada e científica. Essa mesma direita que é responsável pela eleição fraudulenta de Bolsonaro e que aprovou o pacote contra os trabalhadores. Esses setores da esquerda saíram prontamente na campanha em defesa de Mandetta em busca da política de união nacional.
Logicamente que atribuir a Mandetta, político de extrema-direita do DEM, qualquer tipo de civilização é absurdo. Mandetta, assim como toda a direita, não tem diferenças fundamentais com Bolsonaro.
Para entender essa política de união nacional devemos remeter a exemplos históricos, como ocorreu na Primeira Guerra Mundial. A burguesia chamava a uma união nacional, ou seja, unidade entre a burguesia e a esquerda, os sindicatos, organizações populares, para defender os interesses da burguesia que queria que os trabalhadores servissem como carne de canhão na guerra entre dois ladrões – como explicou Lênin – por territórios para serem saqueados.
Essa política foi defendida abertamente por elementos da esquerda como o governador da Bahia, Rui Costa do PT, que afirmou que na pandemia não há luta política, que todos teriam o mesmo interesse comum etc.
Segundo essa ideia, no Brasil não haveria brasileiros que são mais brasileiros que os outros. Ou seja, serve apenas e tão somente para esconder o enorme confisco dos rendimentos dos trabalhadores. Esse é o resultado perverso da política de união nacional para a classe trabalhadora.
Há ainda muitas perdas pela frente, como o caso da saúde pública. Não há dúvida de que as pessoas que vão morrer aos montes serão os pobres. A política de união nacional serve para encobrir e facilitar esse ataque.
A propaganda que a esquerda tem apresentado para os trabalhadores é a de que teriam que ter confiança na ala chamada científica, civilizada da direita. De maneira muito explícita chamaram os trabalhadores a cancelar a luta de classes e ficarem a reboque da direita.
Por último, é preciso dizer que o resultado dessa política de união nacional também surtiu efeito na paralisia dos sindicatos. A CUT chegou ao cúmulo de chamar os trabalhadores a se defenderem individualmente. Significa que a classe operária teria deixado de ser uma classe organizada para se tornar um conjunto de indivíduos que não defendem coletivamente seus interesses.
Em alguns casos chegaram ao ponto de entregarem a sede do sindicato para o governo da direita. Foi o que ocorreu no sindicato dos professores do DF e a CUT-DF. Deixando claro que não há intenção de levar adiante nenhum tipo de luta durante a pandemia.
É preciso derrotar essa política de união nacional, chamar os trabalhadores a se mobilizar contra a direita que prepara um verdadeiro genocídio no País.