Como parte do Carnaval Vermelho, o Partido da Causa Operária (PCO) e os Comitês de Luta chamaram seus militantes e ativistas a atuarem na maior festa popular do país, para dar uma forma mais política ao repúdio do povo contra o governo golpista.
Foi assim que, pela primeira vez, o Comitê Resistência Carijó Contra o Golpe e o PCO intervieram no carnaval do litoral do Paraná.
A participação se deu principalmente em torno de duas atividades. Um mutirão de coleta de assinaturas, panfletagem e distribuição do Jornal Causa Operária, no segundo dia de desfile das escolas de samba, no domingo (23). E no bloco Fora Bolsonaro, que participou do tradicional Carnailha, na terça (25). O evento reúne blocos da Ilha dos Valadares – bairro popular da cidade, historicamente utilizado para “descansar” os escravos que chegavam ao Brasil em navios negreiros e que hoje contém quase um terço (40 mil) da população de Paranaguá (154 mil habitantes) – com a bateria da escola de samba do bairro, a “União da Ilha”, e tem ocorrido todos os anos desde 2003.
O que destaco desta experiência, além do próprio clima animado do carnaval e dos caiçaras (nome característico das pessoas da região, na qual me incluo) é o impacto que nossa intervenção causou na população e nos turistas. As duas principais reações de longe eram as de estranhamento e de apoio. Havia tanto os olhares das pessoas comuns, que passavam e faziam expressões de curiosidade e surpresa, quanto das pessoas que se animavam a ponto de gritarem “Fora Bolsonaro”, “Aqui é Lula” e nos abordarem com elogios e agradecimentos.
Houve também uma reação bem minoritária (2 jovens, um deles bêbado e 2 homens negros, ambos bêbados) de apoio a Bolsonaro. No primeiro caso, os 2 garotos, que pareciam ter entre 15 e 18 anos, passaram gritando Bolsonaro e imediatamente tiveram de lidar com os nossos gritos de Fora Bolsonaro e em seguida com os gritos de pessoas que passavam também. Um dos garotos, que parecia menos embriagado, no típico “estilo MBL”, passou a nos filmar e tirar sarro do mutirão. No segundo caso, ao reagirmos aos gritos de “Aqui é Bolsonaro” com “Fora Bolsonaro” e “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c…”, um senhor negro apareceu de trás dos homens e gritou “Aqui é Lula” e pediu o abaixo-assinado pela anulação dos processos contra o ex-presidente para assinar. Em seguida, criticou os outros jovens, questionando-os:
“Como vocês podem dizer que apoiam o Bolsonaro? Ele é racista! Vocês são burros ou o que?”
Estes episódios refletem numa medida maior o que já ocorre nos mutirões de domingo e mostram o quanto a população carece de orientação política da esquerda e mais, o quanto a população repudia a direita e o governo Bolsonaro. O apoio ao Fora Bolsonaro é massivo e mostra a precisão da política do PCO e dos Comitês. Assim nos despedimos do carnaval 2020, lançando a campanha Fora Bolsonaro e preparando-a para as próximas arenas.