A última rodada do campeonato brasileiro de 2019, encerrada no dia 8 de dezembro, domingo, foi marcada por um acontecimento sintomático dos rumos da repressão e censura às torcidas organizadas que tendem a se endurecer mais e mais diante de um cenário de aprofundamento da ditadura que se instala no Brasil desde 2016.
Em partida contra a equipe do Ceará, a torcida organizada Botafogo Antifascista estendeu nada mais do que uma faixa com seu nome. O que bastou para que os torcedores desta fossem abordados por policiais militares e coagidos a dobrarem tal faixa sob pena de apreensão da mesma, o que do contrário possivelmente geraria algum transtorno aos torcedores. A argumentação dos PMs, conforme se observa no vídeo, remete a uma vedação tirada do quepe a respeito de manifestações políticas dentro dos estádios. Uma argumentação tão reacionária que não encontra paralelo nem mesmo com o, já muito retrogrado, estatuto do torcedor. Como se não fosse o suficiente, em um dado momento do vídeo observa-se que o policial fotografa um documento de uma torcedora, uma maneira de fichar a torcedora de modo extra oficial?
O episódio deixa bem evidente a luta que se encontra hoje nas arquibancadas. A polícia militar, fiel guardiã dos interesses burgueses, está se antecipando a qualquer evento de massas que venha a puxar um posicionamento contrário tanto à elitização do futebol como à política golpista do cotidiano. Num primeiro momento, com as falácias de “promoção da paz nos estádios” e “combate à homofobia”, concedem-se super poderes de repressão às PMs e à CBF sob aplausos da esquerda pequeno burguesa que confia na boa vontade de entidades tão reacionárias, para mais adiante estas mesmas puxarem o tapete do campo progressista em qualquer ocasião em que a massa aja de modo minimamente mais incisivo.
As torcidas organizadas são nada além de organizações populares, logo devem ter sua existência e permanência nas arquibancadas mantidas a qualquer preço, sob pena de termos a legitimação do principal pilar do fascismo, que é justamente a perseguição às organizações populares, movimentos sociais e partidos políticos. A permanência das polícias militares, seja nas ruas ou nos estádios, é tão somente uma maneira de escoltar os interesses burgueses, sendo assim torna-se necessária a dissolução dessa instituição.
Vale lembrar que diante dessa afronta, a organizada Botafogo Antifascista está organizando um ato marcado para dia 11 de dezembro, quarta feira, na porta da ALERJ, denominado “Ato pela aprovação da livre manifestação política”.