Contrariando as expectativas da ala direita do Partido dos Trabalhadores (PT) e do PCdoB, que buscaram enquanto Lula estava preso realizar uma aliança com partidos de direita, o ex-presidente parece ter saído mais radicalizado da cadeia. Com a volta de Lula para o cenário político, enquanto pessoa ativa, a polarização tende a aumentar de maneira exponencial – e as recentes declarações do ex-presidente comprovam isso.
Em discurso no 7º Congresso do PT, Lula saudou as rebeliões latino-americanas e apontou um caminho de enfrentamento com o governo Bolsonaro. Segundo o ex-presidente, não é possível ter “condescendência” com os atuais governantes. Há setores do partido, como Humberto Costa e integrantes da ala direita, que pedem que o PT “fure a bolha”, isto é, não tenha uma política combativa para agradar setores “moderados” da direita – uma política com claras intenções de tipo eleitoral, que se adotada levaria à falência do partido.
Mas Lula, pressionado por sua base social, que está radicalizada, mantém-se atacando o governo Bolsonaro e os golpistas. No 7º Congresso de seu partido defendeu, inclusive, a Venezuela contra a ofensiva do imperialismo para derrubar Nicolás Maduro.
O ex-metalúrgico qualificou o governo Bolsonaro como um “governo de destruição do país, dos direitos, da liberdade e até da civilização”. E, de fato, Lula está certo: o governo Bolsonaro quer destruir o país; foi colocado no poder por capitalistas estrangeiros com o intuito de entregar o país aos monopólios internacionais, reprimir o povo, acabar com os direitos democráticos e promover uma política de terra arrasada.
Por isso, Lula está certo: é hora de intensificar as mobilizações contra o governo. Mas não basta simplesmente “desgastar” ou “corrigir” o governo; é preciso aproveitar o momento de crise do bolsonarismo e a da direita golpista para sair às ruas para derrubar o governo. O “Fora, Bolsonaro” está na ordem do dia e é o momento de impulsioná-lo.
O governo é ilegítimo. Foi eleito pelas eleições mais fraudulentas do último período. O principal candidato, Lula, não pode participar das eleições; ativistas políticos foram reprimidos e censurados; os militares ameaçaram o país; e assim por diante. Foi isso que permitiu a vitória de Bolsonaro.
Nesse sentido, é preciso exigir novas eleições após a derrubada do governo. E estas eleições precisam ser minimamente democráticas: Lula precisa participar. Para isso é preciso impulsionar a luta pela anulação dos processos e das condenações contra o ex-presidente para restituir seus direitos políticos.