Uma feira de livros em Jaraguá do sul (SC) cancelou participação da jornalista da Globo Miriam Leitão, após manifestações bolsonaristas contra a sua ida à cidade. Parte do bolsonarismo é contra a Rede Globo por questões óbvias: ela representa uma política tradicional do imperialismo, da qual o fascismo depende, porém, ao mesmo tempo, repudia. Em todo o lugar a extrema-direita se apresenta como algo novo, em oposição ao regime tradicional da burguesia. Não é bem assim, eles são uma continuação, uma evolução, porém mais radicalizada, que se revolta contra a base que lhe deu origem.
Por isso, setores bolsonaristas são contra a Globo. Todavia, o mais importante no caso é a demonstração de que a direita deita e rola na atual conjuntura. Por mais que o governo esteja paralisado, os setores mais radicais da extrema-direita continua fazendo o que quer, censurando, da mesma forma que fizeram com exposições em centros culturais há alguns anos e também como fizeram em Valinhos (SP) quando atropelaram um militante idoso do MST, matando-o.
Esse tipo de ação é típica dos fascistas. Durante as eleições, agrediram um monte de militantes de esquerda na rua, sem reação do lado agredido. Agora, mesmo com a situação diferente, sentem-se à vontade para atacar setores menos organizados, como militantes de organizações rurais, onde a dispersão é lei, e uma jornalista.
Porém não se trata aqui de fazer uma defesa de Miriam Leitão, como um setor da esquerda tem feito. Muito pelo contrário, a jornalista da Globo foi uma das principais porta-vozes do golpe de Estado no Brasil. Por isso, não devemos nos solidarizar com ela. Em grande medida, a defesa dela tem um objetivo oportunista da esquerda pequeno-burguesa de dar a si mesmo uma aparência “democrática”, defensores da liberdade. Devemos sim analisar o ataque como mais um elemento para a análise da ofensiva de extrema-direita, mas de nenhuma forma sair em defesa da jornalista golpista.