Na última quarta-feira (03), o Congresso criou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista formada por 15 senadores e 15 deputados, para investigar supostas “fake news” como manipulação de informações e uso de robôs durante a campanha presidencial de 2018.
Essa CPI atende às exigências da esquerda parlamentar pequeno-burguesa, que acredita cegamente que, se houve (e houve) fraude nas eleições, o motivo foram as notícias falsas espalhadas pela campanha de Bolsonaro. A fraude nas eleições consistiu, em primeiro lugar, na prisão e impedimento da candidatura de Lula, o favorito da maioria da população para se tornar presidente.
Parte da fraude, obviamente, foram as manipulações de informações, tanto a respeito de Lula como do PT e dos candidatos de esquerda e a favor da direita. Mas essas manipulações foram feitas principalmente pelo monopólio da imprensa burguesa, que controla praticamente todas as comunicações do País e ajudou a eleger Bolsonaro. A disseminação de notícias falsas nas redes sociais nem chega a se comparar ao volume e qualidade da divulgação diária de mentiras que foi e continua sendo feita pela imprensa golpista.
No entanto, o principal ponto é que a investigação dessas supostas notícias falsas, ao invés de mirar e atingir Bolsonaro e a direita, é dirigida contra a própria esquerda.
Essa mesma imprensa golpista e mentirosa também publicou, durante as eleições, que o PT havia entrado no esquema de produção e propagação de notícias falsas pelas redes sociais.
Isso poderá ser alvo de ataques da CPI, ao invés da campanha de Bolsonaro. Até porque, mesmo com suas contradições com o governo, a Câmara e o Senado, em essência, estão de acordo e sustentam Bolsonaro na presidência.
Como este diário vem denunciando desde o início dessa campanha contra supostas notícias falsas, isso não passa de demagogia para censurar a liberdade de expressão e incriminar quem denuncia e combate a direita.
O “combate” às notícias falsas, como já foi comprovado, é um pretexto para a censura. No Brasil e no mundo, os grandes monopólios da informação estão simplesmente apagando conteúdo que atinja a direita, a burguesia e o imperialismo. Exemplo disso é a censura do Youtube, do Facebook, do Twitter e do Google a veículos russos, iranianos e norte-coreanos e, no Brasil, a exclusão de diversos perfis e páginas de esquerda nas redes sociais por ordem do Judiciário golpista.
Tal CPI é a comprovação concreta de que a luta contra a direita e Bolsonaro por meio das instituições golpistas é absolutamente ineficaz e resulta no efeito contrário: serve para fortalecer essas instituições em seus frequentes ataques à esquerda. E, para isso, os golpistas utilizam os mesmos argumentos propostos pela esquerda. A esquerda quer censurar a direita, mas como esta mantém domínio total sobre o Estado, será a direita que irá censurar a esquerda e toda a população.
A esquerda deve lutar pelo direito democrático básico da liberdade irrestrita de expressão. Caso seja vítima de uma mentira, a arma contra isso deve ser a explicação da verdade e não a censura.