Sérgio Moro conversou com os procuradores da Lava Jato enquanto corria o julgamento do ex-presidente Lula. O ministro da Justiça de Bolsonaro, então juiz federal, agia como assistente da acusação contra o réu. Esse fato é escandaloso e ficou claro depois das revelações do site The Intercept Brasil. O teor das conversas não deixa margem a dúvidas: Lula é um preso político perseguido pela direita dentro do Judiciário.
Procuradores e juízes agiram conjuntamente para persegui-lo. Todos os processos contra Lula deveriam ser imediatamente anulados diante dessas revelações, e cada minuto que Lula passa a mais privado de sua liberdade é mais um atentado contra os direitos democráticos de toda a população.
Diante desse quadro, uma voz apresentada frequentemente como “democrática”, com a qual a esquerda deveria inclusive, segundo alguns setores, fazer uma frente contra o bolsonarismo, surgiu para tentar defender a fraude de Sérgio Moro. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso concedeu uma rápida entrevista ao jornalista Tales Faria, e afirmou que estariam fazendo uma “tempestade em copo d’água” em torno dos vazamentos que atingiram os bandoleiros da Lava Jato.
FHC afirmou que: “O vazamento de mensagens entre juiz e promotor da Lava-Jato mais parece tempestade em copo d’água. A menos que haja novos vazamentos mais comprometedores. Não alteram, na substância, como escreveu Celso Rocha Barros, os motivos para a condenação, apesar de revelarem comentários impróprios, dados os participantes. Se formos incriminar ou julgar os atores da política nacional — e da Justiça— pelas impropriedades que dizem, o que será de nossa democracia? E olha que nem sempre se expressam em conversas privadas…”
Ou seja, FHC tenta reduzir a fraude contra Lula, de uma condenação em que o juiz combinava com os promotores como seria a acusação, a um problema de meros “comentários impróprios”. O líder tucano reforça, assim, a cumplicidade do PSDB com essa operação criminosa e golpista, que destruiu a economia do Brasil e acabou com a democracia no país. Diante disso, fica claro mais uma vez por que não faz sentido nenhuma frente com o PSDB contra Bolsonaro. Isso só reforça a própria direita em sua perseguição contra os trabalhadores e os movimentos e partidos de esquerda, no momento em que os golpistas tentam consolidar um regime que está em crise desde o golpe de 2016.