No dia 4 de Junho, o presidente golpista Jair Bolsonaro levou ao congresso um Projeto de Lei “propondo um conjunto de mudanças na legislação que trata da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), como a extensão da validade da CNH de cinco para dez anos; o aumento do limite de pontos que levam à suspensão da carteira de 20 para 40; o fim da fiscalização de velocidade e a desativação dos radares em rodovias federais, entre outras medidas”, com afirmamos em outra matéria.
Obviamente, trata-se de uma demagogia da extrema-direita para agradar sua base pequeno-burguesa, desesperada pela política de fiscalização e autoritarismo tradicional do Estado burguês. É preciso entender que a base social do fascismo se encontra justamente nestes setores de classe média, esmagados pelo imperialismo, que à partir do desespero e intensa propaganda dos capitalistas se alinham com seus opressores para atacar a classe operária. Isso, entretanto, não muda o fato de que têm reivindicações próprias. de classe. A demagogia de Bolsonaro contra a indústria da multa, por mais que desagrade um importante setor da burguesia, serve para agrupar sua base social.
A esquerda entretanto parece não entender isso. Seguindo a campanha dos grandes capitalistas, muitas forças ditas “progressistas”, acompanhando os monopólios da imprensa, colocaram-se contra a medida de Bolsonaro. Supostamente, para eles, isso favoreceria a “impunidade” e os acidentes de trânsito – argumentos de cunho moral para favorecer a “ordem”.
Desta forma, parece que a esquerda pequeno-burguesa vive cada vez mais fora da realidade. Ao invés de criticar a medida de Bolsonaro como um ato puramente demagógico que não arranca os problemas pela raiz – apenas os amenizam – os “progressistas” procuraram se alinhar com a propaganda da imprensa capitalista em defesa do esmagamento da pequena-burguesia pelo grande capital.
Não entendem entretanto que, apesar de estarem se colocando contra Bolsonaro, apenas estão fortalecendo a extrema-direita, pois desta forma o bolsonarismo aparece como única força política que (de forma demagógica e mentirosa) combate a política de cunho autoritária que prejudica as classes médias e a população no geral.
A esquerda precisa se desvincular politicamente da burguesia. Políticas como as de Haddad, que fortaleceu a indústria da multa em São Paulo, são extremamente prejudiciais para o povo. A esquerda precisa levantar as reivindicações populares, contra os esfolamento da população pelos monopólio – mesmo que a extrema-direita as levantem de forma contraditória e cínica (pois ao mesmo tempo estão atacando a população nas questões mais fundamentais). Apenas desta forma, a esquerda poderá unificar a totalidade do povo para derrotar a extrema-direita.