O que pode haver em comum entre a política da direita do PT e a Força Sindical? A primeira vista, poderia se dizer que nada ou quase nada. A direita do PT foi contra – ao menos formalmente – o impeachment, contra a prisão de Lula, o PT teve candidatura própria. Ao contrário, a Força Sindical apoiou o golpe, o impeachment da presidenta Dilma, a prisão de Lula e o próprio Jair Bolsonaro, sob o manto da “neutralidade” no segundo turno das eleições.
Mas quando se olha com mais atenção, é fácil ver que a política dos dois setores é muito parecida. Aliás, uma complementa a outra.
Comecemos pelo golpe. A direita do PT, até hoje sequer admite que teve golpe. Quem não lembra do então prefeito e candidato à reeleição Fernando Haddad declarar à grande imprensa golpista que “Golpe é uma palavra um pouco dura, que lembra a ditadura militar” ao se referir ao impeachment da presidenta Dilma? Ou ainda o digníssimo senador da República, Humberto Costa, defender nas páginas amarelas da venal revista Veja que a esquerda e o PT “deveria[m] virar a página”?, do golpe, é claro! Ou então, ainda, a posição de “independência” concedida à Polícia Federal pelo então ministro da Justiça, Eduardo Cardoso, para que essa servisse de instrumento da Lava Jato para perseguir os dirigentes do seu partido?
Nas campanhas contra o impeachment, contra a perseguição e prisão de Lula, qual o papel que cumpriram, a não ser de um ponto de vista formal se colocarem a favor delas? Quantos ônibus, quantas caravanas os “bravos” governadores vermelhos do Nordeste empenharam para os atos? E a maioria dos parlamentares? Salvo a formalidade dos discursos, a presença, também, formal nos atos para angariar dividendos eleitorais ao posar como “parceiros” de Lula, zero!
Diante da fraude eleitoral montada pelos golpistas, em primeiro lugar, com a exclusão de Lula das eleições, qual foi a política da direita do PT? Antes da formalização do impedimento da sua candidatura, dirigentes, como o atual senador Jaques Vagner, defendiam abertamente o apoio do PT à candidatura do “coronel abutre” Ciro Gomes. Depois o plano B se transformou em Fernando Haddad e a pressão da burguesia e a pressão da direita do PT para que o partido abandonasse Lula, foram tantas, que a direção do partido colocou na lata do lixo sua própria palavra de ordem de que “eleição sem Lula é fraude”, retirou a candidatura de Lula e capitulou sem luta, sem nada.
Não bastasse esse corolário de capitulações, a direita do PT transformou o segundo turno das eleições “na luta do bem contra o mal”, “da democracia contra o fascismo”, “da civilização contra a barbárie, para ao fim e ao cabo acabar por desejar “boa sorte” ao governo do mal, do fascismo e da barbárie.
Vamos à Força Sindical. Essa nem precisa de muita consideração. Basta dizer que foi gestada e parida nos corredores da Federação das indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), portanto uma central patronal, criada para servir de contraponto à CUT.
Tem, ainda, como presidente “licenciado”, o arquipelego Paulinho da Força, um servil empregado do capital, defensor de primeira hora do golpe de Estado, do impeachment da Dilma, da reforma trabalhista e da perseguição e prisão de Lula.
É nesse quadro que esses dois grupos se encontram, são amigos, e agora estão numa frente única de “oposição” ao governo Bolsonaro.
Essa é a famosa oposição “engana trouxa”. A ela se somam o abutre Ciro, outro abutre, Boulos, a musa do Itáu e de George Soros, Marina Silva, o “comunista” PCdoB – ferrenho defensor da “frente ampla” com golpistas – e mais uma plêiade de partidos e políticos golpistas.
Afinal, o que pretendem, de fato, esses “notáveis”? O que sempre pretenderam: passar uma borracha no golpe, montar uma frente ampla de oposição institucional e tocar a vida para frente. Viva a democracia, rumo às eleições de 2020, 2022!
Nesse meio tempo “Bolsonaro tem que governar”. “Bolsonaro é legítimo”. “Até porque as reformas de Bolsonaro são necessárias”. “A Previdência de fato esta quebrada. E os estados, então?”. Como afirmou um dos novos porta-vozes da Frente Ampla, o indefectível, Paulinho da Força, “Precisamos de uma reforma da Previdência que não garanta a reeleição do Bolsonaro” e para isso, vamos apoiar uma “reforma”(roubo) de uns R$ 600 bilhões, definiu o “nobre” parlamentar.
Enquanto isso, o povo que se exploda, Lula, então, nem falar. Aliás a direita do PT já deu a senha para a solução do problema em Curitiba, no ato de um ano da prisão do ex-presidente: “Lula presente, Haddad presidente!”. Posição muito significativa com relação ao maior líder popular do país, que está mais vivo do que nunca.