Na campanha eleitoral, Bolsonaro foi apresentado por Haddad como um representante do fascismo. Depois da vitória, saudado com um “boa sorte”.
Quem vai, afinal, governar? O Bolsonaro fascista ou o presidente eleito?
Até a posse, tudo o que foi dado pela composição do novo governo é um ministério com 22 membros, oito militares (dos quais dois são filiados ao DEM e ao PSL), dois membros do DEM, dois do PSL, um do PRP, um do MDB e outro do NOVO, além de oito sem partido.
Quem vai governar são os políticos de direita tradicionais e os militares. A diferença está em que esses últimos apareceram mais, mas sua participação no poder já tinha ficado clara no governo Temer. Nada mais é que a continuidade do governo golpista de Michel Temer, aprofundando suas contradições.
É um erro acreditar que o governo Bolsonaro representa uma ruptura (pela extrema-direita) com o governo dos golpistas de 2016. É a sua continuidade, em condições desfavoráveis para os donos do golpe, que prefeririam um governo de direita com uma aparência mais moderada, mais tradicional que a que oferece o ex-capitão.
O governo Bolsonaro terá que ser moderado por dentro, esse é o papel dos ministros militares. São fiscais do regime político na tentativa de conter os excessos do novo presidente.
O fascismo de Bolsonaro, embora real, não é ainda um fenômeno de massas. Não se apoderou delas. Representa o perigo da extrema direita, mas foi assimilado pela direita tradicional. Quer avançar, mas ainda não recebeu permissão da burguesia.
Enquanto isso, quem vai governar são os bancos e os grandes monopólios que apenas aguardam a ascensão do ultraneoliberal Paulo Guedes para a privatização em massa de empresas e recursos estatais, e os militares que reforçaram seu controle sobre posições-chave do governo.