Na última terça-feira (22), os sindicatos de professores da rede municipal de São Paulo rejeitaram a proposta de reajuste do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e decidiram manter a greve por tempo indeterminado. A Aprofem aprovou a continuidade do movimento, enquanto Sinpeem, Sedin e Sinesp já haviam tomado a mesma decisão no dia 16. Uma manifestação foi marcada para a última quarta-feira (23) em frente à Câmara Municipal.
A proposta de Nunes oferece 2,6% de reajuste em maio de 2025 e 2,55% em maio de 2026, escarnecendo da reivindicação dos servidores, que exigem 12,9%, elevação do piso para todos os profissionais da educação e o fim da contribuição previdenciária de 14%. O prefeito ameaçou punições desde o início das paralisações, em abril, afirmando: “a gente não vai permitir que essas pessoas utilizem de ações políticas partidárias para conturbar o processo pedagógico. Estamos monitorando para fazer a punição daqueles que utilizarem desse tipo de recurso contra a educação, contra as crianças”.
A Prefeitura ingressou na Justiça, e o desembargador Artur César Bereta da Silveira determinou que 70% dos profissionais permaneçam em atividade, sob pena de multa diária de R$10 mil por sindicato. A decisão, liminar, ainda pode ser recorrida. Os sindicatos afirmaram que não se intimidarão.
O salário inicial de professores municipais em São Paulo é 15% inferior à média nacional, enquanto a inflação acumulada desde 2020 supera 20%. A greve, iniciada em 8 de abril, já mobilizou 30 mil servidores, segundo o Sinpeem, afetando 1.500 escolas. Um relatório da Câmara Municipal (2023) aponta que 60% das unidades educacionais da cidade enfrentam carência de professores.