Nesta quarta-feira (16), o presidente norte-americano Donald Trump autorizou a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) a conduzir operações secretas na Venezuela.
A notícia foi inicialmente divulgada pelo jornal The New York Times, que revelou que as ações autorizadas pela CIA podem incluir “operações letais” e outras iniciativas da inteligência americana no Caribe. O objetivo final, segundo o jornal, seria “tirar Nicolás Maduro do poder”. Em coletiva de imprensa, Trump confirmou a informação.
Questionado por jornalistas se os agentes de inteligência teriam autoridade para “eliminar Maduro”, Trump preferiu não responder, classificando a pergunta como “ridícula”. No entanto, ele afirmou que “a Venezuela está sentindo a pressão” e justificou as operações com o argumento de “combate ao narcotráfico”. “Estamos recebendo muitas drogas vindas da Venezuela”, alegou o republicano.
O republicano também tem acusado sistematicamente o governo venezuelano de ser liderado por um cartel de drogas. O Departamento de Justiça chegou a oferecer uma recompensa de US$50 milhões por informações que levassem à prisão do presidente venezuelano Nicolás Maduro, que é acusado de liderar o grupo “Cartel de los Soles”, classificado pelos EUA como uma “organização terrorista”.
Em resposta às declarações de Trump, o governo venezuelano divulgou um comunicado oficial no qual acusou os Estados Unidos de “belicistas e extravagantes”, afirmando que as declarações constituem uma “gravíssima violação do Direito Internacional e da Carta das Nações Unidas”. O texto manifesta “extrema preocupação” com o uso da CIA e a presença militar dos EUA no Caribe, argumentando que essas manobras buscam legitimar uma operação de “mudança de regime” para tomar o controle dos recursos energéticos da Venezuela.
O próprio Maduro se manifestou, condenando os “golpes de Estado dados pela CIA”.
“Dizer ao povo dos Estados Unidos: não à guerra. Não queremos uma guerra no Caribe ou na América do Sul. Não.”
A Venezuela também levou a denúncia à reunião extraordinária de diplomatas da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e encaminhará o caso ao Conselho de Segurança e ao Secretário-Geral da ONU, pedindo “prestação de contas” do governo norte-americano e medidas urgentes para impedir uma escalada militar na região.
As ações da CIA são parte de uma política de longa data do imperialismo norte-americano para intervir nos assuntos internos de países que se opõem à sua dominação. Entre os exemplos mais notáveis de intervenções da CIA na região são:
- Guatemala (1954): A CIA liderou uma operação que resultou no golpe de Estado contra o presidente eleito democraticamente, Jacobo Árbenz Guzmán, que havia nacionalizado terras da empresa americana United Fruit Company.
- Cuba (1961): A agência treinou e financiou exilados cubanos na tentativa fracassada de invadir a Baía dos Porcos e derrubar o governo revolucionário de Fidel Castro.
- Brasil (1964): Documentos desclassificados dos EUA revelaram o apoio da Casa Branca e da CIA ao golpe militar que depôs o presidente João Goulart.
- Chile (1973): A CIA financiou e apoiou grupos de oposição para desestabilizar o governo socialista de Salvador Allende, que foi derrubado por um golpe militar.
A autorização das operações da CIA não é a única ameaça à Venezuela. As Forças Armadas norte-americanas têm intensificado sua presença militar no Caribe. O governo norte-americano já deslocou cerca de 10.000 soldados, oito navios de guerra de superfície e um submarino nuclear para a região. Essas operações, que incluíram bombardeios a embarcações venezuelanas sob a alegação de combate ao narcotráfico, já resultaram na morte de dezenas de pessoas, incluindo pescadores civis.
A Venezuela, por sua vez, está se preparando para se defender. Maduro mobilizou milhões de populares para a “defesa territorial”, enquanto a Rússia, um aliado de longa data, se manifestou contra as ações dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU), o que pode indicar uma participação militar.
A ameaça à Venezuela é uma ameaça a todos os povos latino-americanos e aos povos oprimidos em geral. É preciso defender incondicionalmente a soberania do país caribenho.





