São Paulo

Amanhã: a Globo e a ditadura de 1964 serão debatidos no CCBP

Rede Globo foi base de sustentação do Regime Militar

O debate promovido pelo PCO em conjunto com os companheiros do CCBP de São Paulo, localizado na Rua Conselheiro Crispiniano, 73, neste sábado (24) sobre os 60 anos da Rede Globo não poderia ser mais oportuno. A data merece ser analisada não como simples aniversário de uma empresa de comunicação, mas como marco de seis décadas de uma das mais perversas e bem-sucedidas operações de dominação ideológica no País.

A história da Globo é indissociável da história do aprofundamento da dominação norte-americana no Brasil pós-1964, e seu papel atual mantém a mesma essência que teve em seus primeiros anos: ser caixa de ressonância e instrumento ativo dos interesses do grande capital e do imperialismo. Financiada pelo capital norte-americano da Time-Life em operação que violava flagrantemente a legislação nacional sobre comunicação, a emissora nasceu sob as asas do regime golpista instalado no ano anterior.

Enquanto jornais de oposição eram censurados, empastelados e seus jornalistas perseguidos, a Globo recebia do governo Castelo Branco as primeiras concessões que lhe permitiriam construir monopólio de comunicação. Roberto Marinho soube como ninguém capitalizar seu apoio ao regime, estabelecendo uma relação simbiótica que beneficiaria ambas as partes por décadas.  

A cumplicidade da Globo com a Ditadura Militar não se limitou ao silêncio cúmplice – foi ativa, militante e determinante para a sustentação do regime. O caso do assassinato de Carlos Marighella em 1969 é emblemático. Enquanto documentos históricos e testemunhos irrefutáveis comprovam que o líder da ALN foi executado a sangue-frio em emboscada armada pelo DOI-CODI, o Jornal Nacional se limitou a reproduzir acriticamente a versão oficial de “tiroteio”.

A emissora omitiu que Marighella estava desarmado, não questionou a exibição de seu corpo como troféu pelos agentes da repressão e ignorou completamente as denúncias de tortura prévia. A cobertura foi tão comprometida com a versão oficial que hoje serve como documento histórico comprobatório do alinhamento da emissora à Ditadura

Padrão idêntico se repetiria em 1975 com o assassinato do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do DOI-CODI. A Globo não apenas veiculou a versão fraudulenta do “suicídio” como ignorou solenemente as evidentes marcas de tortura no corpo da vítima. Só anos depois, pressionada pelo crescente movimento popular, a emissora revisaria sua posição – demonstrando que sua “mudança” decorria não de princípios jornalísticos, mas de cálculos políticos.  

A execução do estudante Edson Luís em 1968 também recebeu tratamento distorcido. A emissora insistiu em equalizar vítima e algozes, tratando o assassinato como “confronto” e não como execução sumária.

Os protestos subsequentes foram retratados como “baderna”, enquanto a violência policial era sistematicamente minimizada. Essa postura não era acidental: fazia parte de uma estratégia consciente de manipulação da opinião pública em favor do regime.  

Além da manipulação de casos específicos, a Globo atuou como verdadeira máquina de propaganda da ditadura. Seus programas de auditório e novelas se dedicavam à difusão de valores conservadores e ideologia autoritária.

O Jornal Nacional propagava diariamente a imagem de um Brasil “em ordem”, enquanto o noticiário econômico propagandeava o falacioso “milagre brasileiro”. A criminalização dos movimentos sociais e da esquerda era política editorial, não coincidência.  

Com a mudança de chave da política do grande capital para um verniz “democrático” depois da Revolução dos Cravos, em Portugal, a Globo se adaptou à nova linha da política imperialista. Apoiou o processo de “abertura lenta e gradual” que garantiu a impunidade dos torturadores e a manutenção da ditadura imperialista sob novas bases. Nos anos 1990, transformou-se na principal difusora do neoliberalismo no País, apoiando incondicionalmente as privatizações e as reformas antipopulares.  

Hoje, 60 anos depois, a Globo mantém seu papel como guardiã da ordem estabelecida. Seu monopólio – herança direta dos anos de chumbo – segue sendo obstáculo intransponível para qualquer projeto de transformação social. O debate promovido pelo PCO não é sobre passado: é sobre como derrotar no presente este pilar fundamental da dominação imperialista no Brasil. Então, venha à Rua Conselheiro Crispiniano, 73, e traga seus amigos.

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