Ricardo Machado

É dirigente do Sindicato dos Bancários de Brasília e ex-dirigente da CUT-DF. Integra a Coordenação dos Comitês de Luta do DF e Membro do Partido da Causa Operária (PCO)

Coluna

A política nefasta da ‘reforma’ bancária

A concentração de capital financeiro, decorrente da “reforma”, inviabiliza o que resta dos bancos estaduais e elimina o sistema as Caixas Econômicas

À revelia dos trabalhadores bancários e de toda a população, os bancos estão implementando uma “reforma” bancária já há um bom tempo no Brasil — melhor dizendo, desde o governo neoliberal de FHC (PSDB), na década de 1990.

Nesse sentido, o Bradesco fechou, somente nos últimos 12 meses, 399 agências e 734 postos de atendimento em todo o país. O Santander fechou 96 agências. O banco Itaú/Unibanco, no ano de 2024, fechou 219 agências físicas. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal encerraram suas atividades em 856 e 128 agências, respectivamente, no mesmo período. Enquanto isso, o número de correntistas, em todo o sistema bancário, aumentou exponencialmente — e vem aumentando a cada dia.

Dados mostram que, nos últimos 10 anos, o percentual de praças assistidas por serviços bancários pelos cinco maiores bancos teve uma redução de 39,4%, passando de 19,8 mil para 12 mil. Somados, Bradesco, Itaú e Santander foram de 10,8 mil para 5,6 mil agências (-48,1%). Banco do Brasil e Caixa Federal saíram de 8,9 mil para 6,4 mil (-28,1%).

Tudo isso faz parte do processo de “reestruturação” do sistema bancário, concentrando ainda mais o capital financeiro em direção à criação de bancos múltiplos, em substituição aos grandes conglomerados, e ao aumento indiscriminado da lucratividade no setor.

A tal “reforma” também atende aos interesses do capital estrangeiro, aprofundando ainda mais a dependência em relação à ganância dos países imperialistas.

A concentração de capital financeiro, decorrente da “reforma”, inviabiliza o que resta dos bancos estaduais, elimina o sistema das Caixas Econômicas, provoca o fechamento generalizado de agências, a diminuição da participação do setor público na economia e a perda total do poder de influência do Estado na política financeira, que passa a ficar à mercê dos interesses especulativos do Bradesco, Itaú, Santander etc.

Como consequência, temos maiores restrições ao crédito e aos serviços bancários, principalmente para os pequenos clientes — a maioria absoluta da população —, além do inevitável crescimento da taxa de juros e da agiotagem.

Mais uma ameaça aos bancários

Se a manobra da reforma bancária interessa aos banqueiros internacionais e nacionais, não virá, sem sombra de dúvidas, beneficiar os trabalhadores brasileiros — em especial, os bancários.

Juntamente com essas medidas, vem o aumento da exploração da mão de obra barata, o uso abusivo das horas extras gratuitas e as demissões em massa. Pode significar uma onda de demissões superior à época do Plano Real, quando mais de 140 mil bancários perderam seus empregos.

O objetivo dos banqueiros é lucrar cada vez mais. É a submissão total da economia brasileira aos interesses gananciosos do imperialismo mundial e dos banqueiros privados nacionais — e, para isso, contam com a total passividade do governo brasileiro, que coloca o presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra as cordas diante das pressões dos golpistas da Frente Ampla, que ocupam cargos estratégicos no próprio governo.

Cabe aos bancários, assim como a toda a população, a defesa das funções sociais do sistema bancário como provedor de crédito e serviços e, mais ainda, a defesa dos empregos e dos salários da categoria bancária frente a estes ataques da direita golpista.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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