O ataque promovido por “Israel” contra a República Islâmica do Irã é mais uma ação criminosa do imperialismo no Oriente Próximo. Um bombardeio sem provocação, realizado enquanto o Irã negociava com os Estados Unidos em torno do programa nuclear, que resultou na morte de dezenas de civis. Um crime evidente, que recebeu apoio imediato das potências imperialistas e do governo sionista de Telavive.
Diante de uma agressão tão flagrante, era de se esperar que a esquerda condenasse sem vacilação o ataque e se colocasse ao lado do país atacado. Mas não foi o que ocorreu. A posição da maioria das organizações que se dizem de esquerda — inclusive da dita “extrema esquerda” — foi de omissão, relativização ou mesmo de justificação do ataque, baseadas no pretexto de que o “regime iraniano” seria “reacionário”. Uma posição vergonhosa, que, na prática, representa um alinhamento com o imperialismo.
Não se trata aqui de apoiar este ou aquele aspecto do regime iraniano. A questão central é que se trata de uma agressão de um enclave militar do imperialismo contra um país atrasado e soberano, que tem desempenhado um papel destacado no apoio à resistência dos povos oprimidos. O Irã apoia o Hamas, a Jiade Islâmica, o Hesbolá, o Ansar Alá e diversas forças que combatem de maneira direta e eficaz a ofensiva sionista na região. É o organizador do Eixo da Resistência.
Ignorar esse papel ou rebaixá-lo em nome de valores liberais importados diretamente da propaganda imperialista — como a obrigatoriedade do uso do véu — é uma capitulação escancarada à política externa das potências ocidentais. A esquerda que relativiza a agressão ao Irã está, objetivamente, fazendo o jogo do imperialismo.
A resposta do Irã — o maior ataque já sofrido por “Israel” em toda a sua história — desmontou o mito da invulnerabilidade sionista. Ainda que tenha sido uma resposta controlada e em grande parte simbólica, representou um marco na luta contra o domínio imperialista no Oriente Próximo. Mostrou que é possível revidar.
Diante disso, o governo brasileiro manteve-se na sua linha de subserviência. Publicou uma nota burocrática, sem condenar com firmeza o sionismo e apelando para a “contenção” — ou seja, pedindo ao país atacado que não reaja. Uma nota mais tímida que aquelas publicadas em defesa de “Israel”, mesmo no auge do massacre em Gaza.
A situação internacional caminha para uma guerra generalizada. A militarização da Europa, a preparação aberta para uma ofensiva contra a Rússia, o cerco à China e a escalada contra os países do Oriente Próximo fazem parte de uma ofensiva coordenada do imperialismo. A agressão contra o Irã é parte desse processo. E é por isso que o apoio ao Irã deve ser incondicional.
Enquanto parte da esquerda brasileira exalta as ações simbólicas de ONGs e “comboios humanitários”, ignora ou combate abertamente as organizações que enfrentam de fato o imperialismo. Despreza a resistência armada. Essa esquerda vive num mundo de abstrações, onde “o povo” aparece como uma entidade mágica, sem organizações, sem direção, sem armas.
É preciso dizer com todas as letras: quem não está com o Irã, neste momento, está com “Israel”. Quem relativiza o ataque criminoso ao território iraniano, quem silencia diante da agressão, está colaborando com a ofensiva sionista e imperialista em curso. A esquerda precisa romper com essa política de submissão ideológica ao imperialismo. O critério fundamental é: está do lado dos oprimidos ou do lado dos agressores?
Neste momento decisivo, a esquerda deve se colocar, sem vacilação, ao lado do Irã. Porque apoiar o Irã é apoiar a Palestina. É apoiar o povo do Líbano, do Iêmen, da Síria e de todos os que resistem à dominação imperialista. Trata-se de um dever elementar para todos os que se reivindicam socialistas, anti-imperialistas e revolucionários.