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Brasil

Vão prender Bolsonaro e os chefes militares?

Direita tradicional tenta conter polarização em uma arriscada campanha em que pressiona pela delação de Bolsonaro por alguns de seus aliados

Evidenciando a campanha política armada pelos setores mais tradicionais da direita, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes (ex-secretário estadual de segurança do PSDB, em SP, e ex-ministro do governo Temer) decidiu, na última sexta (15), quebrar o sigilo dos depoimentos prestados no âmbito da operação Tempus Veritatis (Tempo da Verdade, em tradução do latim) à Polícia Federal, liberando sua divulgação pela imprensa – algo que já vinha acontecendo com os vazamentos que a PF faz daquilo que interessa aos seus verdadeiros chefes, como é o caso do imperialismo norte-americano.

A prática não é uma novidade, foi usada largamente contra o PT e o ex-presidente Lula pelos mesmos setores que estão à frente da atual iniciativa e que estiveram à frente do golpe de Estado de 2016 que derrubou a presidente Dilma Rousseff e do criminoso processo da Lava Jato que condenou Lula, de forma ilegal, e o deixou na cadeia por 580 dias, entregando o governo para Bolsonaro.

Perseguição e “deduragem”

O que foi divulgado até o momento, com enorme alarde pelo Partido da Imprensa Golpista (PIG), deixa evidente que há uma operação de perseguição e cerco contra alguns dos aliados mais próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo os ex-chefes militares, para que denunciem e apontem o capitão fascista como o chefe de uma suposta operação criminosa, que consistiria na preparação de um golpe de Estado em meio às eleições presidenciais de 2022, em que foi derrotado.

Tal como foi feito com Lula, durante a operação Lava Jato, há uma enorme pressão (diante da qual alguns já teriam cedido) em favor da delação, inclusive com premiação ou favorecimento dos delatores, alguns dos quais passaram a ser apontados como coadjuvantes secundários uma vez que, supostamente, estariam submetidos à alegada hierarquia militar, na qual o presidente é o chefe maior dos militares.

O ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, por exemplo, em seu depoimento à Polícia Federal, relatou uma série de reuniões em que militares e Jair Bolsonaro (PL) teriam discutido planos para impedir a posse do presidente Lula (PT). Segundo testemunhou, o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, teria colocado suas tropas à disposição de Bolsonaro durante uma dessas reuniões.

No seu depoimento, ele teria dito “que em uma das reuniões com os comandantes das Forças após o segundo turno das eleições, dentro do contexto apresentado pelo então presidente Jair Bolsonaro, de utilização dos institutos, de GLO e defesa, o então comandante da Marinha, Almir Garnier, afirmou que colocaria suas tropas à disposição de Jair Bolsonaro“, diz um trecho do depoimento.

Por sua vez, o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, teria dito à Polícia Federal que a minuta encontrada pelos investigadores na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres é a mesma versão apresentada por Jair Bolsonaro (PL) aos chefes das Forças Armadas em uma reunião em dezembro de 2022.

Em seu relato, Freire Gomes teria dito “que confirma que o conteúdo da minuta de decreto apresentada foi exposto ao declarante nas referidas reuniões. Que ressalta que deixou evidenciado a Bolsonaro e ao ministro da Defesa [general Paulo Sérgio Nogueira] que o Exército não aceitaria qualquer ato de ruptura institucional“.

No relato do brigadeiro e na delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, também surgiram denúncias de que o ex-comandante do Exército teria ameaçado o ex-presidente de prisão. 

O único a permanecer em silêncio em tais depoimentos à Polícia Federal foi ex-comandante da Marinha, incriminado pelos demais.

Está claro que os chefes da direita tradicional, no Judiciário, na imprensa, na maioria dos partidos falidos da direita e outros montaram um cerco que visa reduzir a enorme força política demonstrada pelo ex-presidente, que levou uma multidão à Avenida Paulista, no mês passado, e continua contando com um amplo apoio.

Incapazes de conter a polarização política entre a esquerda liderada por Lula e a extrema-direita liderada por Bolsonaro, esses setores vinculados ao imperialismo e aos mais poderosos setores do grande capital “nacional” buscam se livrar, mais uma vez, de um dos polos que afetam seus interesses, usando, para isso, o controle que detêm sobre os mais importantes aparatos do Estado e dos meios de comunicação, sem contar no alto comando das Forças Armas que, claramente, se colocou a favor da manobra que visa livrar a cara de parte dos chefes que participaram das articulações golpistas.

É evidente que, se estes fossem julgados com o mesmo critério ditatorial utilizado para condenar “pé-rapados” por supostamente atentarem contra o “Estado Democrático de Direito” com a manifestação de 8 de janeiro de 2023, teriam que ser condenados a penas máximas por discutirem um golpe de fato no interior da sede do pode Executivo nacional.

É claro que isso não irá acontecer, os militares serão isentos (no todo ou em parte) de sua responsabilidade e a direita tradicional buscará apenas obter dividendos políticos com o enfraquecimento ou redução do crescimento do bolsonarismo.

Aumento da polarização

A manobra é arriscada porque depende – em boa medida – da capitulação do bolsonarismo diante da ofensiva, inclusive, dos próprios setores militares que o apoiam (que não se limitam ao comando das FFAAs).

Em uma tímida reação inicial, o ex-presidente Jair Bolsonaro classificou as acusações de que ele teria tramado um golpe de Estado após a derrotado nas eleições como uma “narrativa idiota”.

Em entrevista ao sítio Metrópole, o ex-presidente afirmou que “sobre o Estado de Defesa e o Estado de Sítio, precisa convocar um conselho com diversos integrantes. Para que fosse implementado, precisaria convocar o conselho, inclusive com presidente da Câmara e do Senado. E não teve nenhum conselho convocado“.

Ele acrescentou ainda que “aqui não é Hugo Chávez, Maduro. Dados os considerandos, quem dá a palavra final é o Parlamento. Já a Garantia da Lei e da Ordem não se pode fazer do nada. Tem que ter fundamento“.

Diversos juristas e supostos especialistas divulgados pela imprensa capitalista afirmaram considerar difícil uma prisão de Bolsonaro.

Uma medida como essa – como chegaram a defender até mesmo certos setores da esquerda -, sem o trânsito em julgado etc. poderia aprofundar a crise política e ter como efeito fortalecer ainda mais o bolsonarismo.

A direita que comanda essa investida não busca, de modo algum, fortalecer os resquícios de regime democrático existentes no País, muito pelo contrário, busca revigorar artificialmente suas posições combalidas diante da total falta de apoio popular para sua política reacionária contra o povo trabalhador e o País.

O apoio da esquerda parlamentar a essa empreitada é uma perigosa armadilha, ainda mais considerando a política conciliadora e capituladora dessa esquerda diante da situação em geral e, principalmente, diante do enorme cerco que a burguesia golpista de conjunto (direita tradicional e bolsonaristas) realizam contra o governo Lula e os interesses populares.

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