Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Brasil

Um ano de governo Lula: para onde vai o governo?

O governo Lula tem fracassado nas coisas fundamentais. Ele recebeu um país dividido e um Congresso majoritariamente de direita, e não consegue

Pesquisa Genial/Quaest divulgada na quarta-feira, dia 20 de dezembro, apontou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é aprovado por 54% da população, enquanto é desaprovado por 43%. O levantamento, que não variou muito em relação aos anteriores, mostra, essencialmente, que o País está extremamente dividido. 

Por isso, a estabilidade dos números: em grande medida, os apoiadores de Lula continuam os mesmo, e os apoiadores de Jair Bolsonaro também. É com base nessa divisão fundamental que o Brasil está dividido politicamente, demonstrando também não ter surtido muito efeito contra a popularidade de Bolsonaro o fato dele estar sendo alvo de uma perseguição judicial e ter sido declarado inelegível.

Mas, apesar da avaliação dos petistas, que enxergam coisas boas onde não há, o governo Lula, em um ano de governo, tem fracassado nas coisas fundamentais. Ele recebeu como parte da eleição um País dividido e um Congresso majoritariamente de direita, o que efetivamente dificulta a governabilidade. A solução que ele deu para isso, porém, foi a fórmula mágica do PT em todos os governos: o acordo, a troca de favores com a direita golpista. 

Essa política, até agora, tem fracassado, e tende a continuar fracassando. Os grandes problemas fundamentais do País e do povo brasileiro — os salários, o desenvolvimento, os empregos etc. — não serão resolvidos com acordos desfavoráveis com os direitistas do Congresso Nacional, que em troca de pouca coisa, tomam de assalto o governo.

Ainda, o Congresso não aprovou nada de importante do governo. Apenas foram aprovadas as políticas de interesse geral da burguesia, como o arcabouço fiscal, a reforma tributária, entre outras políticas relacionadas ao Orçamento e ao problema fiscal. Na questão essencial, em grande medida, o governo Lula é um governo paralisado, com dificuldades de realizar uma política séria em defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo em geral, uma política social de maior envergadura e uma política de cunho nacionalista. 

As reformas sociais do governo são pequenas, reeditando basicamente tudo que havia no passado (e não havia dado a sustentação necessária ao governo). No terreno das questões democráticas, o governo foi muito mal com seus ministros Flávio Dino (agora no STF) e Silvio Almeida, dois direitistas e pró-imperialistas. Ambos não são nem um pouco democráticos; pelo contrário, avançaram sobre os direitos democráticos da população.

O governo Lula também decidiu patrocinar o que será a sua pior medida antidemocrática, o PL das Fake News, que vai aumentar de forma extraordinária a censura no Brasil. Essa restrição às liberdades é muito mais importante que a questão das reformas sociais e será uma das fragilidades do governo Lula com a população.

Política internacional

Na política internacional, o governo manteve uma posição relativamente independente ao imperialismo. Lula adotou uma posição neutra em relação à guerra na Ucrânia, apesar de toda a pressão em torno da questão, o que foi uma ação positiva. Ele também manteve a defesa da soberania dos países cujos governos estão em conflito com os EUA na América Latina, como Nicarágua, Cuba e Venezuela.

No entanto, pressionado pelo sionismo internacional, o governo não foi muito bem na questão da Palestina, o principal acontecimento do ano. Ao invés de aproveitar a crise para denunciar o conjunto da direita golpista brasileira, que apoia o genocídio israelense contra os palestinos, o governo teve uma posição muito fraca. O governo continua, ainda hoje, condenando o “ataque terrorista” do Hamas, enquanto se condena o massacre promovido por “Israel” — mas, também, quem não condenou?

O melhor exemplo da política fraca do governo na questão foi expressa pelo assessor especial do presidente Lula para assuntos internacionais, o ex-ministro Celso Amorim. Em entrevista à TV 247, ele afirmou que “Israel” promove uma “uma matança sem limites, de crianças, como nunca houve. Mesmo na Segunda Guerra Mundial, nunca houve uma matança nesse nível em ataques terrestres”. 

Ele também criticou a omissão dos órgãos internacionais: “há dois pesos e duas medidas dos órgãos internacionais, o Tribunal Penal Internacional […] Mesmo que não sejam chamados de genocídio, são crimes contra a humanidade, não apenas praticados, são também explicitados pelo governo Netanyahu e seus ministros. Quando se diz que a solução para os palestinos é emigrar, isso é genocídio ou limpeza étnica”. 

Porém, ele também classificou o ataque de 7 de outubro do Hamas como um “ato terrorista”: “nós condenamos o ato terrorista do Hamas, sem classificar necessariamente o Hamas como uma organização terrorista, porque isso é uma questão complexa em função das próprias decisões da ONU. Agora, o erro é achar que você vai matar as pessoas do Hamas e vai acabar o problema. Cada criança que morre em Gaza, surgem cinco membros do Hamas, que antes apoiavam a Autoridade Palestina”.

O governo continua repetindo as mentiras sobre o Hamas e o dia 7 de outubro, apesar de inúmeras notícias demonstrando que foi “Israel” que massacrou seu próprio povo. A condenação de “Israel”, por sua vez, é algo padrão, não é uma grande contribuição do governo à luta contra o sionismo. No Brasil, o PT se omitiu de qualquer movimento em defesa da Palestina. Como o PT não mobilizou ninguém para nada, isso poderia entrar na conta da não mobilização geral, mas, na realidade, foi uma falta de atenção política ao problema gravíssimo dos palestinos.

Como vai o governo?

O fato é que será difícil manter o governo assim. Se a situação não mudar substancialmente, abrem-se duas possibilidades: de um lado, o governo vai se arrastar até a próxima eleição, atacado constantemente pela direita e sem conseguir realizar nada importante; e, por outro, existe a possibilidade de que ele nem mesmo termine o mandato. O PT não compreende que não estamos mais nas condições do segundo mandato de Lula, o qual ele terminou com uma aprovação recorde.

Naquela época, Lula tinha a vantagem da conjuntura econômica internacional, com a valorização das matérias-primas essenciais. O Brasil ganhou muito dinheiro com a venda de uma abundância de minério de ferro bruto para a China, gerando uma situação favorável na economia. No atual momento, não temos nada disso. Poderia haver uma flutuação de preços no mercado internacional, do petróleo, principalmente, devido à guerra na Ucrânia e a crise no Oriente Médio. Mas, assim, Lula teria de ser salvo por um fator externo. Internamente, o que aparece não é nada bom.

O PT precisa prestar atenção aos fracassos recentes dos governos nacionalistas, que se complicam justamente na economia. Como procuram fazer uma política que vai apenas um pouco além do que está estabelecido, mas sem romper totalmente com a política do imperialismo, acabam fracassando. Na Argentina, foi isso que levou à derrota do governo Alberto Fernandez e à vitória da extrema direita ultraneoliberal de Javier Milei.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.