Após um ano de histeria em relação às manifestações do 8 de janeiro de 2023 o grande saldo da “luta contra o golpe” é um total de 66 presos, nenhum deles general. Exatamente um ano depois do acontecimento, o STF julgou apenas 30 dos 200 denunciados, 25 são investigados por financiar os atos. As penas recebidas foram de 12 a 17 anos de prisão e os “crimes” (uma parte inventada pela corte) seriam abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado; deterioração de patrimônio tombado; e associação criminosa armada.
O STF, demorando para julgar a maioria dos manifestantes, deu liberdade provisória e impôs medidas cautelares como proibição de uso de redes sociais e suspensão do porto de armas de fogo e também de CACs. Em dezembro, 46 pessoas tiveram suas liberdades provisórias concedidas pelo tribunal. A verdade é que nem mesmo se sabe quantas pessoas estão sendo julgadas, a estimativa é que o número ultrapassa 2 mil.
Mas o importante é que desses 66 que se mantém presos e dos 30 que estão julgados, nenhum é de fato uma figura de importância para uma conspiração golpista. Não há generais, almirantes, não há um grande empresário. São todos elementos populares, como primeiro preso que era funcionário da Sabesp. Essa é a grande “defesa da democracia” que está sendo martelada na imprensa há um ano. Caso o 8 de janeiro fosse um golpe de verdade, essa reação seria o combate ao golpe mais ridículo da história.
Basta imaginar um caso real. Se em 1964 o golpe fosse derrotado e apenas 60 soldados da coluna que ia ao Rio de Janeiro fossem presos, isso impediria o golpe? O general Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, os deputados que votaram para derrubar o presidente Jango iriam ficar com medo porque alguns soldados foram presos? É ridículo. É tudo uma manobra farsesca que não auxilia em nada a luta contra o golpismo, pelo contrário, está dando força aos piores golpistas.