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Coluna

Rússia: a nova fase da guerra na Ucrânia

Ofensiva russa aconteceu em diversas regiões da Ucrânia, sendo o maior ataque aéreo ocorrido desde o início da guerra

Uma grande onda de ataques com mísseis e drones contra a Ucrânia nesta semana inaugurou definitivamente uma nova fase da guerra na Ucrânia  que deixou de ser caracterizada como operação militar especial, pelas autoridades russas. A ofensiva foi desencadeada em diversas regiões da Ucrânia  e tem sido caracterizada como o maior ataque aéreo de  Moscou contra a Ucrânia desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.

Apesar de acionados, os sistemas de defesa aérea da região de Kiev não conseguiram repelir mísseis e drones que atingiram a capital ucraniana. No primeiro ataque foram mais de 200 mísseis e drones dirigidos para danificar a rede elétrica do país, objetivo que foi alcançado plenamente. 

A justificativa para o ataque foi a retaliação pela invasão, pelas forças ucranianas , da  região de Kursk na Rússia, que aparentemente foi surpreendida. Mas a ação russa mostra bem as mudanças que estão se dando no plano estratégico. A  Rússia considera que há uma guerra de fato contra a Ucrânia e a OTAN. Rejeitou as propostas de negociações pelo fim do conflito e não limita as ações à região de Donbass, mas anuncia que elas se darão em toda a Ucrânia, incluindo a capital Kiev e  toda região norte do país. 

As agressões do imperialismo contra a Rússia

São muitas as ações militares agressivas que os Estados Unidos e os seus aliados ocidentais lançaram contra a Rússia desde que este país iniciou a operação militar especial em 24 de fevereiro de 2022 para desnazificação da Ucrânia, um país que cometeu numerosos ultrajes contra as populações de língua russa de Donetsk e Lugansk. .

Na verdade, tudo começou com o golpe de Estado contra o Presidente eleito Victor Yanukovych em Maio de 2014, que Washington coordenou e ajudou a arquitetar. Além disso, o imperialismo ameaçou expandir as fronteiras da OTAN em direção à Rússia e ao mesmo tempo criou vários laboratórios de armas biológicas naquele território ucraniano, o que também representou uma ameaça estratégica para a Rússia.

Após o desencadear da operação russa,  os Estados Unidos impôs  mais de 20.000 sanções econômicas, financeiras e geopolíticas com o fim de  sufocar a economia russa e com isso possibilitar a “mudança de regime” no país. O imperialismo apelou para uma típica ação terrorista, ao sabotar  com fortes cargas explosivas  três das quatro linhas dos gasodutos russos Nord Stream 1 e 2  em áreas sob controle da OTAN..

Durante estes dois anos, registraram-se ataques ucranianos com artilharia e drones contra a central nuclear ucraniana em Zaporizhia, cuja continuidade foi impedida, na sua maior parte, pelas forças antiaéreas russas. .

Outro característico ato terrorista foi concretizado em 22 de março deste ano por vários homens na sala de concertos Crocus City Hall,em,  Moscou,  deixando 141 mortos e mais de 120 feridos. Os responsáveis foram detidos e confessaram ter sido contratados por agências de inteligência ucranianas. Os ataques contra populações civis nas províncias russas de Belgorov, Kursk, Biansk e Moscou causaram  dezenas de feridos e mortos nos últimos meses

A Invasão de Kursk

Recentemente a Ucrânia lançou uma invasão com numerosas tropas e equipamento militar contra a província de Kursk o que exigiu da Rússia o deslocamento de tropas e equipamento militar para expulsá-las da região. O governo russo afirmou que essa ação ucraniana foi organizada e coordenada pelos EUA. 

Uma delegação liderada pelo diretor-geral da AIEA visitou a usina nuclear de Kursk e a cidade de Kurchatov nesta semana. Segundo os especialistas  a política imprudente da Ucrânia em atacar usinas nucleares — primeiro em Zaporozhie, e agora em Kursk — demonstra uma perigosa falta de controle que ameaça transformar a Europa em uma terra devastada pela radiação. Enquanto a usina nuclear de Zaporozhie é um reator de água pressurizada com paredes de concreto espessas, difíceis de penetrar, em  Kursk a  usina nuclear possui reatores do tipo RBMK, como os de Chernobyl, que não têm blindagem de concreto espessa, tornando-os vulneráveis a ataques de mísseis e drones que podem danificar diretamente os sistemas do reator.

Para montar o grupo de assalto que atacou a região de Kursk, o comando das AFU (Forças Armadas da Ucrânia) selecionou as unidades mais móveis, treinadas e motivadas de três brigadas de assalto mecanizadas e duas anfíbias que controlavam a frente de Donetsk. Ao mesmo tempo, as brigadas permaneceram em seus postos.

Kiev não tinha um número suficiente de formações treinadas e equipadas na reserva e não poderia retirar completamente da batalha as brigadas envolvidas na frente de Donetsk. Portanto, ela foi forçada a montar um agrupamento de peças separadas extraídas de diferentes áreas. Como resultado, Kiev não conseguiu reunir um grupo suficientemente poderoso para criar uma crise grave na direção de Kursk.

 A opção nuclear ainda é uma possibilidade

A inteligência russa afirmou repetidamente que é altamente provável que a Ucrânia tenha uma “bomba suja”.  No entanto,  um ataque  deste tipo infectará  apenas uma pequena área do território russo, e poderá ser desativada de forma relativamente rápida. Portanto, se a Ucrânia e os EUA decidirem por uma provocação nuclear, então será uma (no máximo duas) explosões  nucleares relativamente poderosas (cerca de 10 quilotons), ou vários mais fracos (aproximadamente um quiloton).  Esta opção poderá ter consequências imprevisíveis. A questão é que os ucranianos já levaram a cabo todas as provocações possíveis (exceto as nucleares). Eles simplesmente não têm mais reservas. Uma provocação nuclear é a última opção. Mas ninguém sabe se vão querer organizar e se vão conseguir. Por precaução, é melhor estar preparado.

Economia russa mostra crescimento sólido

Apesar de todas as provocações e atentados terroristas orquestrados pelo imperialismo, as forças armadas russas continuam vitoriosas, faltando pouco para controlar toda a região das repúblicas independentes. As sanções econômicas e pilhagem dos recursos russos não afetou a economia russa A economia russa mostrou crescimento sólido em muitos setores este ano, enquanto o desemprego permanece em baixa recorde, levando autoridades a sugerirem uma perspectiva melhor para o ano.

Segundo dados divulgados pelos órgãos responsáveis nesta semana, a produção industrial russa aumentou 3,3% em julho, em comparação ao aumento de 2,7% no mês anterior, e 4,8% desde o início do ano, em comparação ao crescimento de 3,1% no mesmo período em 2023. 

As autoridades atribuíram esse crescimento ao forte investimento de capital, inclusive do setor privado, que no segundo trimestre aumentou 8,3% em relação ao ano anterior para US$ 92 bilhões (R$ 510 bilhões), após um crescimento de 14,5% no primeiro trimestre do ano. Considerando resultados tão positivos no primeiro semestre do ano, espera-se números ainda maiores para todo o ano de 2024 do que foi projetado na previsão econômica publicada em abril. Uma estimativa preliminar para o crescimento do produto interno bruto (PIB) no primeiro semestre do ano foi de 4,6%, em comparação a 1,8% no mesmo período do ano passado.  Novas estatísticas mostraram que os salários reais aumentaram 6,2% ano a ano em junho, após um aumento de 8,8% no mês anterior, enquanto os salários nominais médios aumentaram 15,3% ano a ano.

Esta situação mostra o impasse do imperialismo nessa guerra, resultado que faz parte de uma crise estrutural do imperialismo, que está em declínio. Como a única opção para ele parece ser uma opção nuclear, o imperialismo se torna cada vez mais uma ameaça para o conjunto da humanidade.

*As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, as opiniões do Diário Causa Operária

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