Após a morte, o aiatolá Khomeini foi eleito como Líder Supremo do Irã o atual chefe de Estado, Ali Khamenei. Após uma trajetória política revolucionária com 5 prisões, Khamenei foi de chefe revolucionário das forças armadas à Líder Supremo.
Ali Khamenei, nascido em 17 de julho de 1939 em Mashhad, Irã, é uma figura central na política iraniana e o atual Líder Supremo do Irã. Sua trajetória abrange períodos significativos da história contemporânea do país, desde a revolução iraniana até os dias atuais. Khamenei nasceu em uma família religiosa; seu pai era um clérigo de alta reputação. Desde jovem, ele foi introduzido aos estudos religiosos e, eventualmente, frequentou seminários em Mashhad e Qom, dois dos centros mais importantes de estudos islâmicos no Irã. Ele estudou sob a orientação de importantes figuras religiosas, incluindo Ruhollah Khomeini.
Durante os anos 1960 e 1970, Khamenei se envolveu ativamente na oposição a ditadura do xá (rei) Mohammad Reza Pahlavi. Ele foi preso várias vezes pelo SAVAK, a polícia secreta do xá, por suas atividades políticas e sua pregação contra o regime. Khamenei foi preso pela primeira vez em junho de 1963, após apoiar o aiatolá Ruhollah Khomeini, que havia criticado o xá e suas reformas ocidentais durante um sermão. Ele foi liberado depois de um curto período de tempo. Khamenei foi preso novamente em 1964 por continuar a apoiar Khomeini e participar da luta contra ditaudra. Esta prisão foi também breve. Em 1967, Khamenei foi preso pela terceira vez, nesta foi mantido em confinamento por várias semanas antes de ser liberto.
A prisão mais significativa de Khamenei ocorreu em 1974, quando ele foi detido e torturado pelo SAVAK, a temida polícia secreta do xá. Ele passou cerca de um ano na prisão, período durante o qual enfrentou condições adversas e interrogatórios intensos. Após sua libertação em 1975, Khamenei continuou a ser ativo na oposição ao regime do xá até a Revolução Islâmica de 1979, que resultou na queda do xá e na ascensão de Ruhollah Khomeini ao poder.
Com a Revolução Iraniana de 1979, que derrubou o xá, Khamenei se tornou uma figura importante no novo governo. Ele ocupou vários cargos importantes, incluindo chefe das Forças Armadas e logo após a revolução e Presidente do Irã, de 1981 a 1989, servindo dois mandatos consecutivos.
Em 1989, após a morte do aiatolá Ruhollah Khomeini, Khamenei foi eleito pelo Conselho de Líderes como o novo Líder Supremo do Irã, o cargo mais poderoso do país. Durante seu tempo como Líder Supremo, Khamenei tem mantido uma influência significativa sobre todos os aspectos do governo iraniano, incluindo as forças armadas, a imprensa e o judiciário. Ele é visto pelas amplas massas que o apoiam como um defensor do Islã e da soberania iraniana contra o imperialismo.
Ali Khamenei foi eleito Líder Supremo do Irã em 4 de junho de 1989, após a morte do primeiro Líder Supremo, Ruhollah Khomeini. Khamenei foi escolhido pelo Conselho de Líderes, o órgão responsável por eleger e supervisionar o Líder Supremo. Sua eleição marcou uma transição importante na liderança do Irã pós-revolucionário e consolidou sua posição como a figura política mais poderosa do país.
As eleições e o regime político do Irã
O sistema eleitoral e político do Irã é definido pela Constituição da República Islâmica do Irã. Os principais cargos e instituições são o Líder Supremo que é a autoridade política e mais alta do país. Ele nomeia chefes das Forças Armadas, do Judiciário e outros postos importantes. Ele é eleito por um conselho de especialistas, um corpo de 88 quadros políticos islâmicos eleitos pelo povo, que tem a autoridade para destituir o Líder Supremo se ele for considerado incapaz de cumprir seus deveres.
Ao mesmo tempo, em que tem um Líder Supremo, o Irã também tem um presidente, que é o chefe do governo, responsável pela execução das leis e pela administração geral do país. O cargo tem o dever de nomear ministros, elaborar políticas e supervisionar a administração diária do governo. Ele é eleito por voto popular direto para um mandato de quatro anos, com a possibilidade de reeleição para um segundo mandato consecutivo. Os candidatos são aprovados pelo Conselho dos Guardiões antes de poderem concorrer.
Existe ainda, no país, uma Assembleia Consultiva Islâmica (Majlis), o parlamento unicameral do Irã, composto por 290 membros, que legisla e aprova o orçamento, podendo interpelar o presidente ou seus ministros. Os membros do parlamento são eleitos por voto popular para mandatos de quatro anos, e seus candidatos devem ser aprovados pelo Conselho dos Guardiões.
O Conselho dos Guardiões é composto por 12 membros: seis clérigos nomeados pelo Líder Supremo e seis juristas nomeados pelo chefe do Judiciário e aprovado pelos Majlis, que avaliam a compatibilidade das leis com a Constituição. Compete aos Conselhos a aprovação de todos os candidatos para eleições presidenciais, parlamentares e Conselho de Líderes.
Quando existe disputas de legalidade entre as instituições democráticas do Irã, estas são resolvidas pelo Conselho de Discernimento do Interesse do Estado, que resolve as disputas entre os Majlis e o Conselho dos Guardiões, e aconselha o Líder Supremo em questões de interesse nacional.
O Conselho de Líderes, estes eleitos por voto popular para mandatos de oito anos, com candidatos sendo aprovados pelo Conselho de Guardiões, que elege e supervisiona o Líder Supremo, podendo também destituí-lo. No Irã existe também a Assembleia de Peritos, que revisa e emenda a Constituição, se necessário, e as Forças Armadas e a Guarda Revolucionária, que protege o regime político e a república islâmica. O voto, no Irã, é para todos os cidadãos iranianos com 18 anos ou mais.
Khamenei e a revolução internacional
Apesar das complexidades do sistema político iraniano, a descrição do sistema político de qualquer país é de difícil descrição, a realidade é que o governo é muito popular. Khamenei é uma figura análoga a Raul Castro, isto é, não foi o líder principal da revolução, mas foi uma das principais figuras e assim governa o país, para o povo ele é o atual líder da revolução.
Os grandes feitos de Khamenei aconteceram no século XXI, após o país se estabilizar da guerra violentíssima que o imperialismo travou contra o Irã por meio do Iraque. A partir da invasão do Iraque e do Afeganistão pelos EUA e do Líbano por “Israel”, nos primeiros anos do século, o Irã passou a articular o que viria a ser o Eixo da Resistência. Em 2006 auxiliou o Hesbolá a derrotar “Israel” em cerca de 30 dias, uma vitória gigantesca. Depois foi a vez da Síria. O imperialismo tentou derrubar Bashar al-Assad com uma guerra civil, foi o Irã a principal força que permitiu a derrota do imperialismo na Síria.
Então chegou a grande vitória iraniana, a guerra contra o Estado Islâmico, na Síria e também no Iraque. Foi nesse confronto que Qassem Soleimani se tornou o grande general do século XXI. Foi nesse momento que se cristalizou o Eixo da Resistência, a união de todas as organizações de luta contra o imperialismo na região. O EI foi derrotado pelo esforço iraniano e os EUA tiveram de ocupar as terras de forma mais moderada para impedir a vitória completa da resistência.
Outros duas grandes contribuições do Irã foram para a Palestina e para o Iêmen. No caso do Iêmen o movimento revolucionário Ansar Alá tomou o poder em 2014, por 8 anos ele teve de travar uma guerra contra o imperialismo para não ser derrubado. O Irã foi o seu principal aliado e até hoje segue sendo, a tecnologia de foguetes e drones que garante a força do governo do Iêmen foi cedida pelos iranianos.
Na Palestina a resistência também tem apoio direto do Irã. Alguns grupos como a Jiade Islâmica Palestina são muito ligados, já o Hamas é um pouco menos, mas é muito respeitado pelo governo iraniano e também tem um grande apoio. O Hesbolá ao norte, o maior aliado dos palestinos pela proximidade, também tem auxílio enorme dos iranianos. A ação dos palestinos acontece devido à luta revolucionária do povo, mas o Irã é responsável por criar todo o Eixo da Resistência que tem como o principal objetivo imediato destruir “Israel”, ou seja, libertar a Palestina.
Nesse sentido, a libertação da Palestina é o principal objetivo político internacional do Irã e todo uma estrutura internacional foi criada durante o governo de Khamenei. O crescimento interno do Irã se tornando a maior potência militar do Oriente Médio, crucial para a criação do Eixo da Resistência, também é fruto do governo de Khamenei.
Ou seja, o governo do Irã, dirigido pelo aiatolá Ali Khamenei não é apenas extremamente popular para os iranianos, é também um dos governos mais populares de todo o Oriente Médio, primeiro para os xiitas, mas cada vez mais para toda a população, incluindo os sunitas, os cristãos, os drusos, os judeus antissionistas, os alautitas, os ateus etc. Isso só é possível, pois o governo do Irã é fruto da maior revolução operária da segunda metade do século XX, uma revolução que segue lutando pela libertação de toda região do domínio do imperialismo.