Nos dias 21 e 22 de fevereiro, passaram pela cidade do Rio de Janeiro representantes de países como Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido e França. Isto é, de países que apoiam, financiam e sustentam o genocídio na Faixa de Gaza, levado adiante pelo Estado criminoso, nazista e artificial de “Israel”. Figuras verdadeiramente execráveis como Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, vieram ao Brasil para participar do G20, evento que reúne também os países atrasados com maior importância no cenário internacional, como a China e a Rússia. Embora a reunião em si não tenha grande importância, fornecia uma oportunidade para o protesto contra as figuras que representam a guerra genocida de “Israel” contra os palestinos.
E efetivamente aconteceu. No dia 22 de fevereiro, os Comitês de Luta organizaram um ato em apoio à Palestina, que contou com participantes do Partido da Causa Operária e do Partido dos Trabalhadores. No entanto, para o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), outrora apelidado de “ursinho carinhoso do morenismo”, tamanho o seu carinho pelo imperialismo norte-americano, protestar contra o assassinato de 13 mil crianças em quatro meses não é o que poderia ser chamado de prioridade.
Sim, senhores, há coisa mais importante para se protestar que o massacre em Gaza! As milhares de mulheres mortas, os hospitais destruídos, os rapazes mutilados, os milhões de famintos e “deslocados” não são suficientes para comover o coração do ursinho do morenismo. O PSTU tinha uma “causa” muito mais importante para defender.
No dia 21 de fevereiro, um dia antes do ato dos Comitês de Luta, um grupinho da CSP-Conlutas, a central de brinquedo do PSTU, decidiu fazer uma manifestação cujo mote era “Fora Lavrov!”. Isto é, um protesto de repúdio à vinda de Serguei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, ao Brasil. E quanto a Antony Blinken? Nem um pio.
Que grande crime cometeu Lavrov? Por acaso seu país acabou de destinar centenas de bilhões de reais em apoio a “Israel” para assassinar crianças palestinas? Por acaso a Rússia esteve envolvida no golpe de Estado de 2016? Foi Lavrov quem coordenou, do Crêmlin, a prisão de Lula? Foi Lavrov quem mandou derrubar o presidente peruano Pedro Castillo? Foi Lavrov quem transformou o Equador em uma ditadura?
Não. O grande crime de Lavrov é ser o representante de um país que teve a coragem de peitar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Isto é, que está enfrentando o imperialismo. Que está, na verdade, libertando o povo ucraniano de uma ditadura nazista, que foi responsável por matar 13 mil pessoas em um período de “paz”.
É realmente inacreditável. No momento em que o mundo inteiro se choca com as monstruosidades de um regime nazista contra o povo palestino, o PSTU sai em defesa do nazista Vladimir Zelenski! E não é exagero: não apenas a CSP-Conlutas hostilizou o representante de um país que está em guerra contra o imperialismo, como fez questão de defender o país que serve de refúgio para um monte organizações fascistas, que inclusive treinaram elementos da extrema direita brasileira:
Escrito em inglês, para Antony Blinken ver e aplaudir, a CSP-Conlutas diz: “São Paulo está com você, Ucrânia”. E o mais abjeto dos cartazes: “devolvam nossas crianças”. Isto mesmo: enquanto 13 mil crianças morrem na Palestina, o PSTU tem a cara de pau de falar em nome de crianças para defender um regime nazista e pró-imperialista.
O protesto foi tão grotesco e tão vergonhoso que a CSP-Conlutas sequer divulgou em seu portal a manifestação que organizou. Coube, então, a um portal francês fazê-lo: o Arguments pour la lutte sociale (Argumentos para a luta social). Um blogue que, além de fazer muita propaganda do regime de Kiev, também se mostrou tão “solidário” a Lula quanto o PSTU em relação às crianças palestinas. No momento em que o presidente brasileiro é alvo de uma ofensiva da extrema direita, do sionismo e do imperialismo, tendo sido declarado persona non grata em “Israel”, o blogue afirma que “o que Lula diz não permite uma defesa real dos palestinos”, uma vez que ele denunciou o genocídio em Gaza, mas “nunca denunciou o risco genocida nos apelos de Vladimir Putin para acabar com a Ucrânia“.