No dia 7 de março, a Petrobrás anunciou que, no ano de 2023, obteve o segundo maior lucro líquido de sua história, um total de R$124,6 bilhões. Apesar disso, no dia seguinte, as ações da empresa caíram em 10%, o que foi atribuído por analistas da burguesia à decisão da estatal de adiar o pagamento dos dividendos extraordinários (R$43,9 bilhões) aos acionistas minoritários da Petrobrás.
A choradeira dos acionistas procurou passar a impressão de que a empresa e o governo Lula estariam esfolando os “pobres” acionistas, mas isso – nem de longe – corresponde à realidade.
Os dividendos distribuídos pela Petrobras (PETR4) tiveram uma queda de 49,5% em 2023, em relação ao ano anterior. Apesar disso, a companhia segue liderando em pagamentos a acionistas diante de petrolíferas estrangeiras.
Diante da decisão do governo, no entanto, os principais jornais da imprensa golpista passaram a atacar o governo Lula, publicando matérias para afirmar que a Petrobrás estaria em crise, o que se trata de um grande mentira, pois a queda das ações sequer prejudicou os acionistas, apenas reduziu – por hora – seus ganhos, e não causou qualquer prejuízo à empresa.
Com os R$98,18 bilhões desembolsados, no ano passado, para pagar dividendos, seria possível comprar uma gigante como a Eletrobrás, pelo seu valor de mercado no dia 8 de março, que era de R$98,9 bilhões.
Em entrevista à emissora SBT, no dia 11 de março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou corretamente os acionistas, os valores excessivos que recebem e a distribuição dos dividendos extraordinários, sublinhando que os trabalhadores brasileiros são os donos da Petrobrás, e que o lucro da empresa deve ser utilizado pensando no povo brasileiro:
“Tem que pensar no investimento e em 200 milhões de brasileiros que são donos ou sócios dessa empresa. O que não é correto é a Petrobras, que tinha que distribuir R$45 bilhões de dividendos, querer distribuir R$80 bilhões. E R$40 bilhões a mais que poderiam ter sido colocados para investimento, para fazer mais pesquisa, para fazer mais navio, mais sonda… Não foi feito.”
Uma das promessas de campanha de Lula foi retomar a industrialização brasileira, com investimentos na Petrobrás. Dessa forma, a decisão de não distribuir os dividendos extraordinários aos acionistas minoritários é uma forma que Lula encontrou para colocar essa política em prática. Nesse sentido, é uma política positiva, embora limitada.
O movimento de luta dos trabalhadores, como os petroleiros (FUP), os sindicatos, a CUT e toda a esquerda precisam mobilizar o povo com um programa próprio diante da crise e em resposta à política predatória dos especuladores que compraram a “preço de banana” as ações de Petrobrás, da mesma forma que se apoderam de boa parte do petróleo brasileiro por meio dos fajutos leilões de privatização.
Este programa deve levantar questões centrais tais como a:
- Reestatização da Petrobras (100% estatal), sob o controle dos trabalhadores, de forma a se livrar dos acionistas sanguessugas que roubam a riqueza produzida pela empresa, para que os recursos da riqueza do petróleo sirvam para atender às necessidades do povo brasileiro;
- Nacionalização do petróleo e de todas as riquezas minerais;
- Destinar recursos da exploração do petróleo para pesados investimentos em Saúde, Educação, Moradias, etc.;
- Contra a sabotagem, explorar 100% do petróleo brasileiro, gerando centenas de milagres de novos empregos;
- Fim da terceirização e das contratações temporárias, por uma Petrobrás forte com centenas de milhares de trabalhadores, como a maior empresa do País, para defendê-la junto com todo o povo trabalhador dos ataques dos abutres internacionais e seus capachos no Brasil;
- Redirecionar os recursos da empresa para um plano de grandes investimentos no setor, como a retomada da produção de navios petroleiros, retomada das usinas (visando pôr fim à importação de derivados), aumento da capacidade operacional, pesquisa, novas bacias etc.
