O porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov, em entrevista ao jornal russo Argumenty i Fakty declarou que a Rússia se encontra em estado de guerra.
Literalmente, foram essas as palavras proferidas por Peskov: “estamos em estado de guerra. Sim, começou como uma operação militar especial, mas assim que ali se formou aquela companhia, quando o Ocidente coletivo se tornou um participante disso do lado da Ucrânia, para nós já se tornou uma guerra. Estou certo disso. E cada um deve entendê-lo, para sua mobilização interna“.
Há vinte e seis meses, depois de inúmeras advertências do governo russo em relação às investidas do imperialismo para a entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a Rússia tomou a decisão de deflagrar a operação militar especial, com o objetivo não de agredir e massacrar militarmente o povo ucraniano, mas neutralizar a ação ofensiva do imperialismo, que enxergava na Ucrânia um espaço territorial-geográfico ideal para fustigar a Rússia e se aproximar das fronteiras do país.
A ação do exército russo, nesse sentido, foi, à época, (e de certa forma continua sendo) puramente defensiva. Até porque, se de fato fosse uma guerra com “todas as letras”, a Rússia já teria aniquilado completamente a Ucrânia, dada a superioridade bélica e de efetivo militar dos russos em relação ao exército do país vizinho, completamente despreparado, sem efetivo militar humano, sem recursos, com equipamentos obsoletos, sustentado única e tão somente pelo volume gigantesco de recursos (bilhões de dólares) enviados pelo imperialismo para a manutenção e continuidade da guerra, “até o último ucraniano”.
O fato é que o imperialismo não deseja o fim da guerra e não aceita qualquer tipo de negociação do governo ucraniano com a Rússia. Isso ficou claro na quinta-feira (21), quando o jornalista investigativo norte-americano, Seymour Hersh, foi às redes sociais dizer que “o governo dos EUA impediu a Ucrânia de iniciar negociações de paz com a Rússia há vários meses, com a ameaça de parar de financiar Kiev”. “Os líderes americanos souberam da possibilidade de uma negociação entre Kiev e Moscou e deram ao presidente ucraniano Vladimir Zelensky o ultimato: nenhuma negociação ou acordo ou não apoiaremos o seu governo com os US$ 45 bilhões [R$ 224 bilhões] em fundos não militares”.
As investigações e posterior revelações de Seymour Hersh confirmam as palavras do porta-voz do presidente Putin, Dmitry Peskov, quando afirma que a Rússia está em “estado de guerra”.
“Em essência, após o Ocidente coletivo se envolver nisso, isso virou uma guerra para nós. Não tem nada a ver com algumas mudanças jurídicas. É uma operação militar especial de jure. Mas de fato isso virou uma guerra para nós após o Ocidente coletivo cada vez mais aumentar o nível do seu envolvimento no conflito”, declarou Peskov.
A escalada e o prolongamento do conflito, portanto, é de responsabilidade única do imperialismo, que busca dividendos militares e políticos com a hipótese (muito improvável ou mesmo impossível) de derrota da Rússia no campo de batalha, onde o que ocorre nesse momento é a conquista cada vez maior de territórios ocupados pelos efetivos russos.