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História do Brasil

Para a imprensa burguesa, o federalismo é um progresso

Imprensa capitalista e identitários glorificam movimentos que pretendiam fragmentar o Brasil no passado.

A correta análise e compreensão dos movimentos históricos, se faz necessária quando se pretende discutir os assuntos políticos da atualidade. Nesse sentido, a imprensa capitalista nacional, porta vozes do imperialismo, ataca a história nacional, pois o interesse é que o brasileiro não compreenda, para não valorizar a própria história. O espírito de vira-latas precisa estar presente na nossa população.

Para difundir de maneira efetiva esses ataques à nossa história, o imperialismo pode contar com a esquerda pequeno-burguesa, que, assim como a imprensa, é paga para levar adiante essas interpretações confusas do nosso passado.

De acordo com esses grupos, nossa história se resume a massacres de índios e escravidão do povo negro, nada de progressista ocorreu, com exceção de movimentos separatistas, que pretendiam fragmentar o Brasil, e nos tornar um país inexpressivo no continente. A grandeza do país é mal vista por esses grupos, sendo que esta foi a maior conquista do povo brasileiro.

Sem dúvida o movimento histórico mais atacado é a independência nacional, visto sempre com desdém, caracterizando Dom Pedro I como um monarca tirano aos moldes do velho estilo absolutista. Algo que não reflete a realidade do período.

Uma das polêmicas do movimento de independência, se dá pelo recém comemorado, 2 de julho, a chamada “independência da Bahia”. O episódio é interpretado pelos identitários como a verdadeira independência nacional.

Com certeza o episódio é de grande valor e serviu para consolidar a independência nacional, uma vez que na Bahia, a resistência dos portugueses foi maior do que, por exemplo, no Rio de Janeiro. 

Porém, na prática, o Brasil já era independente, essa interpretação visa minimizar ou até anular o papel de Dom Pedro no processo. Além de colaborar para opor nordeste e sudeste no campo ideológico, algo muito recorrente na interpretação identitária da história.

A Confederação do Equador é mais um movimento da história nacional de caráter reacionário, mas que a imprensa e os identitários pretendem fazê-lo parecer progressista e através dele atacar a história de Dom Pedro.

O evento, também ocorrido em 2 de julho, mas de 1824, era um movimento que pretendia fragmentar o Brasil, algo que por melhor que fossem as intenções da época, se triunfasse, configuraria em um processo reacionário de nossa história.

A Confederação, uniu latifundiários das províncias de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, recebeu esse nome pela proximidade das províncias com a Linha do Equador.

A Folha de São Paulo, em uma matéria recente, abordou o tema através dessa interpretação identitária de ataques ao nosso passado. Para esse órgão de imprensa, defensor dos interesses imperialistas, a revolta ocorreu em reação ao “autoritarismo do Império Brasileiro”.

Para o historiador consultado para a matéria, George Cabral, da Universidade Federal de Pernambuco, “ falar de República naquele momento era uma blasfêmia, era quase atentar aos desígnios divinos, porque a ideia de monarquia de Antigo Regime, monarquia de direitos divinos, ainda estava muito viva”.

De fato, o momento histórico era reacionário. Após o período napoleônico, veio o Congresso de Viena, que restabeleceu poderes aos absolutistas na Europa em reação às conquistas da Revolução Francesa. No período, as forças políticas se dividiram entre Absolutistas, Liberais e Democratas Radicais, de inspiração jacobina. 

Dentre esses grupos, o mais reacionário eram os absolutistas. Porém, o que o historiador não revela, é o fato de Dom Pedro I não se tratar de um absolutista, mas um Liberal.

A grande acusação em relação ao autoritarismo de Dom Pedro I, se dá pelo fato da dissolução da Assembleia Constituinte e a nova Constituição do Brasil, que incluía o Poder Moderador a ser exercido pelo Imperador.

Porém, essa dissolução ocorreu justamente pelo motivo de que a Assembleia havia sido dominada por absolutistas, representados principalmente pelos Andradas. Os moldes da nova Constituição, seguia os preceitos Liberais.

Existia, sim, o clima reacionário no momento político do período, porém o Imperador brasileiro não fazia parte do grupo que levava essa política adiante. Dom Pedro, inclusive, enfrentou posteriormente seu irmão absolutista em Portugal.

A Confederação do Equador, ocorreu em reação a dissolução e pela retirada do presidente da província local pelo Imperador e a restituição dos poderes do presidente anterior.

Os objetivos da revolta era garantir o regime republicano federativo, que garantiria maior autonomia para as províncias, para outro historiador consultado pela Folha, Flavio Cabral, da Universidade Católica de Pernambuco: “isso era um problema, porque o Imperador não se sentia bem com essa história das províncias”, “Porque o que ele [Dom Pedro I] queria na realidade era um governo dele, unitário”.

Essa questão do federalismo é que caracteriza o movimento como algo reacionário. O que ocorre de fato é o contrário do que o historiador diz: o federalismo favorece o poder dos latifundiários locais, o que é popularmente conhecido como coronelismo, algo que colabora para o atraso brasileiro. O Imperador buscava o contrário, o fortalecimento da unidade nacional, algo progressista inclusive para os dias atuais, o poder local fortalecido é um entrave para o desenvolvimento nacional.

Outra falsificação a respeito do movimento, é a tentativa de deixá-lo com um caráter popular, que só existiu porque os latifundiários precisavam de apoio, nada garante que os interesses da população oprimida da época, seriam levados em consideração, incluindo o fim da escravidão, que era pauta do movimento também.

O ataque à unidade nacional e a tentativa de opor ideologicamente para que assim a separação real possa ser imposta, assombra a população brasileira até hoje. Somente através da má interpretação de nossa história é que isso poderá ser levado adiante. A denúncia da visão identitária da história é algo a ser realizado pelos setores progressistas de nossa sociedade.

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