Em colunas anteriores, estudou-se o pronome relativo; recapitulando, observou-se que o pronome relativo relaciona a oração subordinada adjetiva à oração principal. Na oração “o aluno estudioso foi aprovado”, “estudioso” é adjetivo da palavra “aluno”; dessa maneira, se a palavra “estudioso” for substituída pela oração “que estuda”, a oração se torna “o aluno que estuda foi aprovado”, na qual a oração “o aluno foi aprovado” é a oração principal e a oração “que estuda” é oração subordinada adjetiva.
Esse “que” assume função de conjunção porque promove a relação sintática entre as duas orações, mas também exerce função de pronome. Como se sabe, todo pronome substitui um substantivo que, no exemplo dado, é a palavra “aluno”; portanto, na oração “que estuda”, o “que” tem função de pronome, pois substitui o substantivo “aluno” na oração “o aluno estuda”.
Para encerrar o tópico dos pronomes, resta dizer ainda algo sobre seus usos. Quando o “que” se utiliza como pronome relativo, ele é invariável, no entanto, pode ser substituído por “o qual”, “os quais”, “a qual” e “as quais”, que são variáveis. Logo, quando se fizer a permuta do “que” pelos possíveis substitutos, há concordância com o gênero e com o número do substantivo adjetivado pela oração adjetiva.
No exemplo “o livro que eu comprei é caro”, o “que” pode ser substituído por “o qual”; no caso, o substantivo adjetivado pela oração adjetiva “que eu comprei” é o substantivo “livro”, por isso, na substituição, “o qual” aparece no masculino e no singular, concordando com “livro”. Diferentemente, se o exemplo é “as mesas que eu comprei são caras”, o “que” passa a ser substituído por “as quais”, resultando em “as mesas as quais eu comprei são caras”, havendo concordância com o gênero e com o número da palavra “mesas”.
Os pronomes relativos “cujo”, “cujos”, “cuja” e “cujas” também são variáveis, no entanto, suas concordâncias são diferentes. Nesse caso, tais palavras não funcionam apenas enquanto pronomes relativos, mas possuem, ainda, a função de pronomes possessivos, consequentemente, concordando em gênero e em número com o objeto ou pessoa possuído.
No exemplo “o homem, cujo rosto eu vi, é o criminoso”, o “cujo” é pronome relativo, pois por seu intermédio se relaciona a oração subordinada adjetiva “cujo rosto eu vi” com a oração principal “o homem é o criminoso”. No exemplo, o substantivo adjetivado é “homem”, no entanto, ele concorda com “rosto”, que se mostra algo possuído pelo substantivo “homem”; se a possuído fosse a “face”, por exemplo, a oração se torna “o homem cuja face eu vi é o criminoso”.
Ainda no tópico dos pronomes relativos, restam observações sobre o uso de vírgulas, visto haver dois tipos de orações subordinadas adjetivas, ou seja, as restritivas e as explicativas. Na oração “os alunos que estudam são aprovados”, há duas interpretações possíveis, quer dizer, todos os alunos estudam e todos são aprovados, ou apenas alguns alunos estudam e somente os estudiosos são aprovados. No primeiro caso, quando a oração adjetiva “que estudam” refere-se à totalidade, chama-se oração adjetiva explicativa; no segundo caso, quando se refere a parcialidade, chama-se oração adjetiva restritiva; quanto à pontuação, as explicativas vêm entre vírgulas e as restritivas, não.
No exemplo dado, se todos os alunos estudam e são aprovados, a oração fica “os alunos, que estudam, são aprovados”; se, contrariamente, apenas alguns alunos estudam e somente eles são aprovados, a oração se torna “os alunos que estudam são aprovados”. Por fim, tal regra de pontuação se estende aos pronomes “cujo”, “cujos”, “cuja” e “cujas”; no exemplo “os homens, cujos rostos eu vi, são criminosos”, os rostos vistos se referem a todos os homens, contrariamente, em “os homens cujos rostos eu vi são criminosos”, seriam criminosos apenas aqueles cujos rostos foram vistos.